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24 de fevereiro de 2011
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22:58

Ministro do Esporte garante que “lacunas” do Segundo Tempo serão investigadas

Por
Sul 21
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Orlando Silva: "Temos que estar atentos, identificar erros e corrigi-los" | Foto: Ramiro Furquim/Sul21

Igor Natusch

O ministro do Esporte, Orlando Silva, cumpriu agenda em Porto Alegre nesta quinta-feira (24). O objetivo oficial da visita foi tratar da Copa do Mundo de 2014, que terá uma de suas sedes na capital gaúcha. Orlando Silva visitou as obras no Beira-Rio, estádio que em princípio sediará os jogos, e da Arena do Grêmio, além de reunir-se com o governador Tarso Genro e com o prefeito de Porto Alegre, José Fortunati, no Palácio Piratini. Mas o ministro teve mais assuntos a tratar do que infraestrutura e estádios para a Copa, respondendo a questões sobre o projeto Segundo Tempo, comandado pela pasta e alvo de denúncias de desvio de recursos envolvendo o partido de Orlando Silva, o PCdoB.

Em entrevista coletiva concedida logo após o encontro com o governador Tarso Genro, o ministro afirmou que o governo federal recebeu da Fifa uma lista de demandas, direcionadas especialmente ao fornecimento de energia, saúde e segurança. O objetivo das viagens, segundo Orlando Silva, é repassar essas demandas para as cidades sede e conhecer os projetos que elas oferecem para solucionar eventuais problemas. Na reunião, esteve presente também o secretário estadual do Esporte, Kalil Sehbe, além de representantes da prefeitura de Porto Alegre.

O encontro serviu para discutir os projetos de mobilidade urbana que serão adotados por Porto Alegre para viabilizar as partidas da Copa. Segundo o ministro, o governo gaúcho expôs um projeto envolvendo corredores especiais para o transporte coletivo, de forma a facilitar o acesso ao Beira-Rio, onde os jogos, a princípio, ocorrerão.

Outro aspecto analisado na reunião diz respeito ao Aeroporto Salgado Filho, que deverá receber grande fluxo de estrangeiros durante o mundial. Orlando Silva se disse “confiante” nas propostas do governo Tarso, que incluem a revitalização do terminal antigo do aeroporto e obras de ampliação, que envolvem o deslocamento de famílias que moram nas imediações.

Ministro do Esporte participou de reunião com governador Tarso Genro em Porto Alegre | Foto: Ramiro Furquim/Sul21

“Às vezes, as matérias distorcem certos fatos”

Na coletiva, o ministro do Esporte comentou as recentes denúncias do jornal Estado de S. Paulo, que dão conta de irregularidades no programa Segundo Tempo, voltado para a implementação de núcleos esportivos pelo país. Segundo a reportagem, entidades ligadas ao PCdoB teriam recebido cerca de R$ 30 milhões em recursos, mas os núcleos aos quais os valores se destinam não existiriam de fato. O ministro ressaltou que uma comissão está avaliando as denúncias e que eventuais irregularidades não passarão em branco.

“Essas denúncias são uma oportunidade para investigarmos eventuais lacunas”, disse Orlando Silva. Alegou também que, “às vezes, as matérias distorcem certos fatos”, dando como exemplo dois núcleos em Goiás e Brasília, que foram citados na reportagem como parte do esquema. Segundo o ministro, as atividades nesses núcleos não começaram por determinação do próprio governo. “Há uma série de procedimentos que precisam ser cumpridos para que os núcleos entrem em atividade. Só autorizamos depois que os profissionais já foram contratados e as instalações, devidamente vistoriadas”, defendeu-se.

Mesmo assim, Orlando Silva garantiu que não se incomoda com as cobranças da imprensa sobre o assunto. “O papel do jornalista é esse mesmo, de fiscalizar. Temos que estar atentos, processar as críticas , identificar os erros e corrigi-los”, disse o ministro. Segundo ele, a Casa Civil está acompanhando de perto os trabalhos do Miistério do Esporte e teria sinalizado “confiança máxima” no modo como a pasta vem sendo conduzida.

Clubes do Brasil estão “buscando seu caminho”

Orlando Silva comentou também a situação envolvendo o Clube dos 13, entidade que congrega os maiores times de futebol do Brasil e que está rachando devido à discussão de contratos de televisão para os próximos anos. O ministro do Esporte diz não acreditar que essa situação deponha contra a organização do futebol brasileiro e, por tabela, contra a capacidade do país em sediar a Copa. “Os clubes estão buscando o seu caminho. É natural que queiram aumentar suas receitas”, afirmou. Na opinião de Orlando Silva, os clubes já alcançaram “números importantes” nos contratos em vigor, mas é normal que queiram negociar uma elevação de valores.

Ministro do Esporte, Orlando Silva | Foto: Ramiro Furquim/Sul21

O ministro também aproveitou para contestar, de forma bem-humorada, as críticas feitas recentemente por Pelé. O ex-jogador reclamou do atraso das obras de infraestrutura e disse que o Brasil está “correndo o risco de se envergonhar”. “Ninguém responde ao Pelé. Ele é o Rei do Futebol”, comentou Orlando Silva, entre risos.

Após o encontro com Tarso Genro, o ministro dirigiu-se para audiência com o prefeito de Porto Alegre, José Fortunati. Para o final da tarde, estava prevista uma visita às obras da Arena gremista, que deve ser usada na Copa como centro de treinamentos. Apesar de ter manifestado alguma “preocupação” com o financiamento das obras no Beira-Rio, Orlando Silva observou que a direção do Internacional está “consciente” do desafio envolvido e disse estar confiante de que os prazos serão cumpridos pelo clube.


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