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7 de janeiro de 2011
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17:04

Grêmio arma a festa, mas Ronaldinho não chega e contratação segue indefinida

Por
Sul 21
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Paulo Filgueiras/UN Photo
Foto: Paulo Filgueiras/UN Photo

Igor Natusch

O retorno de Ronaldinho para o Brasil começou como novela brasileira, ganhou elementos de filme de suspense e agora dá sinais de que pode virar uma comédia pastelão. O primeiro momento pastelão teria sido a entrevista coletiva dos irmãos Assis, ontem, no Rio de Janeiro, junto com o vice-presidente do Milan, Adriano Galliani. A chegada do craque a Porto Alegre, anunciada para essa sexta (7) pelo próprio empresário-irmão Roberto Assis Moreira, deve ser adiada uma vez mais e ficar para a semana que vem. O Olímpico, que já estava sendo armado para receber o craque com direito a pouso de helicóptero, não deve receber festa alguma. E o presidente gremista, Paulo Odone, já deu o ultimato: mesmo sem anúncio oficial, a decisão de Assis e Ronaldinho tem que sair hoje, seja ela qual for.

São dois, no momento, os principais cenários desse enredo complicado e repleto de reviravoltas. No Rio de Janeiro, Assis e Ronaldinho seguem conversando com o vice-presidente do Milan, Adriano Galliani. Insistência que causa surpresa, na medida em que a coletiva da noite de quinta-feira (6) teria sido, supostamente, para anunciar que Ronaldinho estava fora do time italiano e liberado para procurar clube no Brasil. Segundo informações vindas do Rio, uma nova pendência teria surgido em relação à rescisão de contrato do craque, e o empresário do jogador teria que permanecer na cidade para eliminar o ruído.

O segundo palco desta comédia de erros está em Porto Alegre, mais precisamente no Estádio Olímpico. Desde o começo da manhã, uma série de sinais deixava claro que uma grande festa estava sendo preparada para receber Ronaldinho. A EPTC e a Brigada Militar foram contatadas para fechar as ruas próximas ao estádio, enquanto uma empresa de sonorização instalava equipamentos no gramado do Olímpico. Enquanto isso, torcedores gremistas se aglomeravam no Aeroporto Salgado Filho, acreditando que o craque poderia desembarcar a qualquer momento. Todos os indícios apontavam uma grande festa — só faltava a confirmação.

Como as notícias vindas do RJ não foram exatamente as mais auspiciosas, tudo foi desfeito rapidamente, como forma de diminuir o impacto do fiasco que se avizinhava. Os gremistas foram embora do aeroporto, enquanto Paulo Odone, aparentando grande irritação, mandava recolher todas as caixas de som dispostas no gramado do Olímpico. “Mandei tirar tudo e vou mandar embora o responsável”, garantiu Odone, em entrevista para a Rádio Guaíba. Porém, as últimas informações dão conta de que elas apenas foram escondidas num discreto cantinho, sob lonas.

Após o frustrado espetáculo, segue tudo mais ou menos como estava antes. A chegada de Ronaldinho e Assis não deve acontecer antes de segunda-feira (10), o que não quer dizer que o jogador não possa ser anunciado pelo Grêmio ainda nessa sexta-feira (7). Nos bastidores, comenta-se que o anúncio pode ocorrer às 20h, com direito a entrada ao vivo no Jornal Nacional. A festa de apresentação, nesse caso, ficaria para o começo da semana que vem, o que daria mais tempo para organizar o evento. Do RJ, vem o boato de que o Flamengo já teria desistido de Ronaldinho, após aviso do próprio Assis de que Ronaldinho fecharia mesmo com o Grêmio. A história complexa e de cenas tão alongadas quanto as dos filmes iranianos pode acabar a qualquer momento. Mesmo.

Atualização (19:15)

No final da tarde, algumas novas informações surgiram – não para definir de vez a novela, mas para deixar claro que ainda falta um pouco para chegarmos no capítulo final. Em concorrida entrevista coletiva, concedida no Estádio Olímpico, o vice-presidente de futebol do Grêmio, Antônio Vicente Martins, garantiu que o clube chegou em um “ponto bastante importante” da negociação, mas que ainda não era possível adotar uma postura definitiva sobre o caso. “Assim que os advogados das duas partes terminarem de elaborar o contrato, ele será submetido ao Odone e ao Ronaldinho, para fecharmos o negócio”. Vicente Martins não descarta que a definição pode acontecer ainda nesse final de semana. “Pode evoluir sim (o negócio) durante o final de semana. Não tem como a gente prever o desfecho. Posso apenas dizer que chegamos em um ponto avançado, e que acreditamos que o Ronaldinho vai voltar para casa”, concluiu.

Mesmo que a direção gremista admita que o acerto possa acontecer no fim de semana, essa possibilidade não parece muito provável. Afinal, depois de muita expectativa, eis que Ronaldinho e seu irmão Assis embarcaram no jato particular que os esperou durante todo o dia no RJ – mas não foram para Porto Alegre, e sim para Santa Catarina. A tendência é que os Assis Moreira passem o fim de semana em Jurerê, onde possuem um imóvel, curtindo a brisa marinha e a movimentada vida noturna da região.

Os boatos, de qualquer modo, se sucedem. Nos bastidores do Olímpico, comenta-se que o anúncio seria de fato no final da tarde de hoje, mas Vicente Martins teria aliviado o discurso a pedido de Assis, que quer evitar uma reação negativa do Milan quanto à rescisão de contrato. Durante o dia, os bares do Estádio Olímpico foram reabastecidos com generosas quantidades de bebida, enquanto caixas de som eram instaladas e a EPTC e Brigada Militar eram postas de sobreaviso para o bloqueio de ruas próximas ao estádio. No fim das contas, Ronaldinho não veio, e o clima de decepção tomou conta dos torcedores que já tinham se dirigido ao local. Antônio Vicente Martins, porém, minimizou o fato. “Estamos preocupados é em encerrar bem a negociação. Talvez tenha havido alguma precipitação na colocação do equipamento, mas para nós isso é irrelevante”, assegura.

Até mesmo Pelé teve a oportunidade de dar a sua opinião sobre o caso que movimenta o futebol brasileiro. Em evento na Vila Belmiro, o Rei do Futebol disse que, se Ronaldinho de fato vai para o Grêmio, deveria ser mais explícito quanto à sua intenção de defender o clube. “Se ele realmente ama o Grêmio, pode jogar até de graça por lá. Está com a vida feita, né? É a minha opinião”, disse Pelé, acrescentando que ele próprio jogou uma temporada inteira pelo Santos, em 1974, sem ganhar um só centavo. “Não é certo que clubes brasileiros aceitem fazer leilão por jogador. É uma maneira muito baixa de você fazer futebol. Ele (Ronaldinho) não vai jogar porque ama o time, vai jogar para quem dá mais. Acho isso muito ruim”.


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