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19 de dezembro de 2017
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21:00

Ambulantes protestam após operação da Prefeitura e da Polícia apreender artigos vendidos no centro

Por
Sul 21
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Contêineres foram utilizados para obstruir a Av. Salgado Filho. Foto: Maia Rubim/Sul21

Cristiano Goulart

Quase dois mil reais em produtos artesanais apreendidos. Esse foi o prejuízo contabilizado, nesta terça-feira (19), pela vendedora ambulante Ironeta Francisco, de 45 anos. Moradora da Lomba do Pinheiro, a comerciante sai de casa, diariamente, às 7h30 e deixa o Centro Histórico de Porto Alegre no início da noite, por volta das 19h30. Nesta terça, no entanto, uma operação conjunta entre as polícias Civil e Militar e a Guarda Municipal. Ironeta vendia os produtos artesanais na Esquina Democrática, quando teve o material apreendido: “eu tinha comprado mercadoria e eu ia levar um pouco pra casa. (Vendo) Chapéus artesanais. Essa é a minha única fonte de renda. Eu moro na Lomba do Pinheiro. (…) Tem dias que a gente nem consegue trabalhar porque, se não é a Smic, é a Guarda Municipal. Então a gente tem que pegar a mercadoria e guardar até eles saírem”, lamenta a vendedora.

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A ação de fiscalização, que ocorreu em diferentes pontos do Centro Histórico da cidade, gerou revolta entre os camelôs. No início da tarde, dezenas de vendedores ambulantes protestaram bloqueando, por alguns minutos, a Av. Salgado Filho com contêineres de lixo orgânico. A Tropa de Choque da Brigada Militar foi acionada para conter os manifestantes.

Após o bloqueio da avenida, o grupo de vendedores ambulantes caminhou até a frente da Prefeitura de Porto Alegre onde, aos gritos de “Queremos trabalhar!”, reivindicou uma reunião com um representante do Município. No Paço Municipal, cinco camelôs foram recebidos pelo secretário Municipal da Segurança, o coronel Kleber Senisse, e por um representante da Secretaria Municipal de Desenvolvimento Econômico (SMDE).

Secretário da Segurança, Kleber Senisse, explica criação de grupo de trabalho . Foto: Guilherme Santos/Sul21

No final do encontro, o titular da pasta da Segurança afirmou um Grupo de Trabalho foi criado para regularizar a situação dos vendedores ambulantes: “A reunião foi extremamente produtiva porque as situações particulares que foram colocadas quanto a alvarás, quanto a locais de autorização de vendas de produtos foi mostrado como deve ser feito isso. Nós tivemos também um grande ganho porque, a partir de agora, nós criamos um grupo de trabalho para tratar especificamente do comércio irregular. (…) eles começarão a se reunir para criar uma estratégia, criar uma dinâmica para que exista uma regularização e que o comércio popular, ele fique cada vez mais forte. Nós estamos falando em comércio popular, não em comércio ilegal. Porque o comércio ilegal trabalha com o crime, trabalha com contravenção, as ações vão continuar”, defende o secretário. O primeiro encontro do grupo de trabalho está marcado para a próxima sexta-feira (22) na sede da Secretaria Municipal de Desenvolvimento Econômico, no Centro de Porto Alegre.

Ao todo, mil itens foram apreendidos durante a ação coordenada pela Prefeitura de Porto Alegre no Centro Histórico da cidade. Os principais produtos são eletrônicos, fones de ouvido, peças de vestuário, cigarros, óculos e frutas. Os alimentos serão doados para a Fundação de Assistência Social e Cidadania (Fasc) ou demais instituições de caridade. Os demais produtos serão enviados ao depósito da Secretaria Municipal de Desenvolvimento Econômico (SMDE) e podem ser reivindicados pelos vendedores ambulantes, mediante apresentação de documento que comprove a origem legal dos objetos.

Foto: Guilherme Santos/Sul21
Foto: Guilherme Santos/Sul21
Foto: Guilherme Santos/Sul21

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