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4 de junho de 2017
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13:14

‘É pra incomodar quem não tem noção do que são direitos humanos’, 11ª Mostra Cinema e Direitos Humanos ocorre em POA

Por
Sul 21
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‘É pra incomodar quem não tem noção do que são direitos humanos’, 11ª Mostra Cinema e Direitos Humanos ocorre em POA
‘É pra incomodar quem não tem noção do que são direitos humanos’, 11ª Mostra Cinema e Direitos Humanos ocorre em POA
‘Pobre, preto e puto’ é um dos títulos gaúchos em cartaz. Foto: Divulgação

Giovana Fleck

Criar um espaço de discussão de direitos humanos a partir de produções cinematográficas. Com essa proposta, a 11ª Mostra Cinema e Direitos Humanos ocorrerá em Porto Alegre entre os dias 6 e 11 de junho (terça à domingo). Iniciada em 2006 como uma das ações estratégicas da Secretaria Especial de Direitos Humanos para celebrar o aniversário da Declaração Universal de Direitos Humanos, proclamada pela Assembleia Geral das Nações Unidas em 10 de dezembro de 1948, a Mostra Cinema e Direitos Humanos foi expandida ao longo da úlrima década e, atualmente, ocorre em todas as capitais federais do Brasil.

Segundo Daniela Mazzilli, produtora local do evento, a Mostra é uma das estratégias do Governo Federal para consolidação da cultura e da educação em Direitos Humanos, ampliando espaços de debate e discussão por meio da linguagem cinematográfica e contribuindo para a formação de uma nova mentalidade coletiva para o exercício da solidariedade, do respeito às diversidades e da tolerância. “É difícil se dar conta, mas muitas pessoas não têm noção do que são direitos humanos”, ela afirma. “A proposta é incomodar essa gente e mostrar que sim, direitos humanos são problema de todo mundo”.

De acordo com a organização, nestes dez anos, a Mostra assumiu um caráter descentralizador e democrático. Ao incluir em seu catálogo produções de diferentes capitais, proporcionou espaço de diálogo em contextos diversos. “O evento traz um apnaorama não só da cinemática brasileira mas das pautas que são prioridades em pontos distintos do país”, explica Daniela.

A programação compreende uma seleção de filmes contemporâneos que foram selecionados por meio de chamada pública, além de homenagens e programas especiais. Além disso, programações específicas serão exibidas compreendendo acessibilidade, com áudio-descrição e legendas closed caption. Daniela explica que a Durante a programação da Mostra também serão agendadas sessões especiais para escolas e sessões com debates.

Neste ano, cinco produções gaúchas farão parte da Mostra: Carol, de Mirella Kruel, e Epidemia de Cores, de Mário Eugênio Saretta, Madrepérola de Deise Hauenstein, De que lado me olhas de Ana Carolina de Azevedo e Helena Sassi e Pobre Preto Puto de Diego Tafarel.

Propostas diversas

O evento propõe quatro mostras dentro da programação que são pensadas para atingir diferentes públicos. A Mostra Panorama apresenta filmes selecionados a partir da convocatória pública e filmes que foram escolhidos pela equipe de curadoria. São 17 produções que contemplam aspectos como direitos das pessoas com deficiência, população LGBT/enfrentamento da homofobia, memória e verdade, crianças, adolescentes e juventude, pessoas idosas, população negra, população em situação de rua, mulheres, direitos humanos e segurança pública, proteção aos defensores de direitos humanos, direito à participação política, combate à tortura, situação prisional, democracia e Direitos Humanos, saúde mental, cultura e educação em Direitos Humanos.

Além disso, segundo a organização, percebeu-se uma necessidade em tratar com maior profundidade a questão de gênero. Por isso, para a Mostra Temática, foram selecionados sete títulos que abordam temas relacionados às mulheres, orientação sexual e identidade de gênero, como, por exemplo, empoderamento feminino, violência contra a mulher, estereótipos de gênero, LGBTfobias, conquistas sociais, políticas e econômicas, o direito à igualdade e à não descriminação, dentre outros. Dentro dela, haverá a Mostrinha, pensada para crianças e composta por curtas infantis que também tenham as questões de gênero como foco principal.

Já a  Mostra Homenagem tem como tradição homenagear cineastas cuja filmografia explora a temática Direitos Humanos, trazendo-a para o foco dos debates. A homenageada desta edição é a cineasta Laís Bodansky, cuja obra tem relevância o debate sobre um mundo onde todos possam se reconhecer e viver a igualdade e direitos de oportunidades. Cinco filmes da cineasta fazem parte da programação.

Além da cinemática

A Mostra em Porto Alegre também conta com uma exposição, que ficará em cartaz no Capitólio de 06 de junho a 02 de julho. Gestos, Camadas e Contexturas conta com seis obras de Tânia Oliveira e curadoria Alexandra Eckert. Tendo o ser humano como temática central, as pinturas de Tânia transmitem a reflexão da artista sobre corpos delicados e frágeis e coração sensível, de pessoas que tiveram suas vidas transformadas por algum infortúnio: dor, desespero e melancolia.

Além disso, no dia 10, às 16h, o público pode participar do debate “Ver com os ouvidos: o papel da audiodescrição na produção audiovisual”. A produção de audiodescrição no setor audiovisual é, mais do que uma recente exigência legal no Brasil, a garantia do direito de acesso de pelo menos 36 milhões de pessoas com deficiência visual à arte cinematográfica. Entre outros requisitos, o diálogo permanente entre produtores de cinema, de acessibilidade e o público torna-se indispensável para assegurar a qualidade funcional e estética deste recurso de acessibilidade comunicacional. Participam da atividade as produtoras e audiodescritoras na OVNI Acessibilidade Universal Mimi Aragón e Kemi Oshirom o produtor, diretor e artista digital da Bactéria Filmes, Pedro Marques, e o estudante de psicologia consultor e usuário de audiodescrição, Rafael Braz. O evento ocorre na Sala Multimídia com entrada franca.

Confira a programação completa no Guia21. Todas as exibições serão gratuitas. No site da Mostra  é possível acompanhar quais sessões serão seguidas de debate e quais terão audiodescrição.

 


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