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30 de março de 2017
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18:36

Brigada usa balas de borracha e até cadeiradas para reprimir servidores em Cachoeirinha

Por
Sul 21
sul21@sul21.com.br
Seguindo o exemplo do que aconteceu em dezembro de 2016 na Assembleia Legislativa gaúcha, a direção do Legislativo barrou a entrada dos servidores e chamou o choque da Brigada para dispersar os manifestantes. (Foto: Facebook/Reprodução)

Marco Weissheimer

A ação da Brigada Militar para reprimir uma manifestação de servidores municipais de Cachoeirinha, em frente à Câmara de Vereadores da cidade, deixou um saldo de três servidores presos e 20 feridos por balas de borracha, bombas de gás e até “cadeiradas” desferidas por integrantes do batalhão de choque da BM. Em greve há 25 dias, os municipários queriam acompanhar a votação na Câmara de um projeto enviado pelo prefeito Miki Breier (PSB) reduzindo o vale-refeição dos servidores. Seguindo o exemplo do que aconteceu em dezembro de 2016 na Assembleia Legislativa gaúcha, a direção do Legislativo barrou a entrada dos servidores e chamou o choque da Brigada para dispersar os manifestantes.

O vice-presidente do Sindicato dos Municipários de Cachoeirinha, Bruno Camilo, definiu a ação da Brigada Militar, iniciada por volta das 8h30 desta quinta (30), como um “massacre contra os trabalhadores”. Prevendo que a Câmara de Vereadores poderia amanhecer fechada, um grupo de 20 servidores ingressou no prédio do Legislativo na quarta e passou a noite lá. Logo no início da manhã, cerca de 300 servidores ficaram acampados em frente ao prédio protestando contra a votação a portas fechadas da redução do vale alimentação. A Brigada também chegou no início da manhã, com diversas viaturas, para dispersar os servidores que estavam dentro e fora da Câmara de Vereadores. Além de utilizar bombas de gás e balas de borracha contra os municipários, os integrantes do choque da Brigada também utilizaram cadeiras, que os servidores tinham levado para a frente da Câmara, para bater nos manifestantes. Servidores registraram em vídeo as cadeiradas (ver abaixo):

O projeto do prefeito Miki Breier acabou aprovado por 14 votos a 2 e resultará na redução escalonada do vale-alimentação para quem ganha a partir de R$ 2 mil. No início do mês, lembrou Bruno Camilo, a Câmara já tinha votado outros projetos enviados pelo Executivo, reduzindo em 50% os vencimentos de professores que trabalham com crianças com necessidades especiais, em 30% os salários de motoristas e fiscais e em 40% os ganhos de arquitetos, engenheiros e geólogos. O pacote enviado pelo Executivo acabou motivando a greve que, até esta quinta, tinha uma adesão de 80% da categoria. Após a ação da Brigada, essa adesão deve subir para 90% ou 95%, prevê Bruno Camilo.

“Todos ficaram muito revoltados ao ver o que a Brigada fez com seus colegas. Um dos nossos colegas foi ferido com tiro de bala de borracha disparado à queima roupa. A greve vai continuar. Depois do que aconteceu hoje, posso dizer que não existe nenhuma disposição, dentro da categoria, de encerrar a nossa mobilização”, garantiu o diretor do sindicato. Pelas redes sociais, servidores que participaram da manifestação desta quinta, publicaram fotos e vídeos da ação da BM e seus resultados.

Grupo de servidores mobilizado em frente à Câmara de Vereadores antes da ação da BM. (Foto: Reprodução/Facebook)
Servidor atingido por disparo efetuado pela Brigada. (Foto: Arquivo Pessoal)


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