Luís Eduardo Gomes*
O Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) divulgou nesta terça-feira (4) o resultado do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). O Rio Grande do Sul aparece apenas na sexta colocação entre os estados no ranking de média de notas. No entanto, o Colégio Politécnico da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), o melhor do Estado, destaca-se ao ocupar a segundo colocação entre instituições públicas e a 33ª no geral, com uma média de 716,21 no Enem.
Diretor do Colégio, Walmir Aita salienta que este é o quarto ano consecutivo que o Politécnico da UFSM é apontado como a melhor escola do Estado e que, na última década, a instituição tem constantemente ficado entre as 100 melhores do Brasil. Segundo ele, isso é fruto de um trabalho que vem sendo desenvolvido há bastante tempo. “Em termos de educação, a gente não consegue resultados de uma hora para outra como passe de mágica. Acredito que a questão fundamental é a qualificação das pessoas, tanto do corpo docente como do técnico-administrativo”, diz.
Walmir atribui ao fato de a escola estar dentro do campus da UFSM a maior facilidade para que seus professores se atualizem constantemente, seja com cursos de pós-graduação, seja com a participação em congressos. “Os nosso concursos exigem apenas a graduação, mas o colégio tem uma política de qualificação. Liberamos professores para fazerem mestrado e doutorado. É isso que, no decorrer do tempo, acaba surtindo efeito”, pontua.
Dos 97 professores do quadro, Walmir estima que 80% já possuam doutorado em suas áreas. Ele explica que, pelo fato de a instituição conciliar o ensino médio com cursos técnicos, de graduação e pós-graduação, poucos professores são exclusivos do Ensino Médio.
Outro diferencial da escola para alcançar esses resultados é o fato de que os alunos são selecionados – apenas uma turma com 35 vagas é aberta no primeiro ano via seleção anual. Atualmente, são 107 matriculados no Ensino Médio do Politécnico. Apesar de 50% dos alunos ingressarem via sistema de cotas, o Inep aponta que o perfil socioeconômico da instituição se enquadra na categoria “muito alto”.
Além da alta média geral, o Politécnico destaca-se pela excelente nota em redação (820,00), a maior entre escolas do Estado e uma das quatro públicas do País a superar os 800 pontos. Já em matemática, o melhor resultado do Estado foi alcançado pelo Colégio Estadual Tiradentes, com 714,37 pontos, que também liderou as escolas públicas do país na disciplina. Em comum com o Politécnico, o colégio Tiradentes também faz seleção para alunos e, apesar de público, não é vinculado à rede estadual convencional, mas à Brigada Militar.
Em temos nacionais, sete das dez escolas com as melhores médias gerais são federais. Também destacam-se escolas militares e escolas técnicas estaduais. Coordenador-geral da Campanha Nacional pelo Direito à Educação, Daniel Cara ressalta que a maioria dessas escolas têm em comum o fato de selecionarem estudantes. Porém, ele pondera que as instituições não são boas porque os estudantes são selecionados, mas selecionam, segundo ele, porque a qualidade é alta e a procura por essas instituições é grande.
Ele aponta que nove das dez melhores escolas têm 80% dos estudantes matriculados na instituição desde o 1º ano do ensino médio e têm mais de 70% dos professores formados na disciplina que lecionam. “Isso demonstra que o Brasil sabe fazer uma escola pública extremamente estruturada com professores mais valorizados e isso acaba tendo resultado”, diz.
Para Walmir, do Politécnico, a melhoria geral da rede de ensino passa pela melhoria das condições das escolas e pela qualificação dos profissionais. Porém, ele acredita que isso, necessariamente, deve vir dos governos estaduais. “A gente vê nas outras escolas públicas de Santa Maria todo um esforço e empenho para qualificação dos professores, mas faltam condições que o Estado teria que prover”, avalia.
*Com informações da Agência Brasil