Cidades|z_Areazero
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11 de outubro de 2016
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16:34

Dia da Criança aumenta renda de camelôs no Centro: ‘A crise prejudica uns e favorece outros’

Por
Luís Gomes
luisgomes@sul21.com.br
11/10/2016 - PORTO ALEGRE, RS - Comércio ambulante prioriza o Dia das Crianças nas mercadorias. Foto: Maia Rubim/Sul21
Comércio ambulante prioriza mercadorias para o Dia da Criança na Rua dos Andradas | Foto: Maia Rubim/Sul21

Luís Eduardo Gomes

Eles estão por todos os lados: Mickey, Minnie, Homem-Aranha, Pikachu, Patrulha Canina, Transformers. São bonecos de pelúcia, de pano ou carrinhos de controle remoto. Todos disputam, lado a lado, a atenção dos pais e das mães que passam pela rua dos Andradas com um passo apressado, indo cuidar dos seus afazeres, na esperança de que alguns deles ainda não tenham comprado presentes para dar aos filhos amanhã (12), no Dia da Criança. Aqui, cada brinquedo sai por um preço entre R$ 20 e R$ 30. Nos shoppings, os assemelhados oficiais custam várias dezenas a mais.

Na banca do Ricardo, não tem para ninguém, os campeões ainda são os bons e velhos Mickey e Minnie. Há quatro anos como camelô no Centro de Porto Alegre, ele diz que as vendas estão fortes nos últimos dias antes do feriado, mas não nota uma grande diferença em relação aos outros anos. “Está a mesma coisa. Tem dia que a gente tira R$ 100, R$ 200 e até R$ 300, depende do dia”. Atualmente na rua dos Andradas, ele também costuma alternar com a Voluntários da Pátria. Mas aponta uma diferença entre os locais. “Lá circula mais gente, é mais povão, mas o brinquedo que aqui sai por R$ 25, lá só sai por R$ 20”, conta.

Desde 2013 como ambulante, Vitor, por outro lado, já acha que o cenário deste ano, mesmo com o País vivendo uma grave crise econômica, está mais favorável para os ambulantes da Rua dos Andradas. “A crise prejudica uns e favorece outros”, brinca.

Especializado em carrinhos de controle remoto, ele diz que há cerca de um mês está vendendo uma média de 20 brinquedos por dia. Cada um sai por R$ 20. “Cada banquinha aqui sustenta uma família”, diz. “Já dá para pagar o INSS”, complementa. No resto do ano, seu carro-chefe são as antenas para televisão e carregadores para celular.

Nessa época, que chama de “segundo Natal”, Vitor chega ao Centro por volta das 8h e fica até as 19h. Sua maior preocupação diária é o constante medo de que agentes da Secretaria Municipal da Indústria e do Comércio (SMIC) e policiais da Brigada Militar (BM) apareçam para recolher suas mercadorias. Reconhece que é um direito deles, mas reclama que os policiais sempre chegam chamando os ambulantes de “chinelos” e dizendo que vendem celulares roubados, o que ele garante não fazer. “Graças a Deus, estão deixando a gente trabalhar esse ano”, diz. “Tão com salário parcelado, né? Daí não vêm tanto. Como eu disse, crise para uns é bom para outros”, brinca.

Cadeirante, José também se preocupa com a BM e a Smic. Segundo ele, quando os policiais chegam, dando advertência, já sabem que é preciso recolher a mercadoria e ir para casa. “Essa semana deu uma melhorada”, diz. Com mais tranquilidade, ele afirma que consegue tirar um lucro de uns R$ 200 por dia. O que mais tem saído são as bonecas de pelúcia e pano, que vende por valores de R$ 20 a R$ 30. “A mesma boneca na loja está a R$ 100 e poucos”, comenta.

11/10/2016 - PORTO ALEGRE, RS - Comércio ambulante prioriza o Dia das Crianças nas mercadorias. Foto: Maia Rubim/Sul21
Comércio ambulante prioriza o Dia das Crianças nas mercadorias. Foto: Maia Rubim/Sul21

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