Cidades|z_Areazero
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3 de agosto de 2016
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22:52

Pode haver alterações de sabor e odor sem afetar potabilidade da água, diz Dmae

Por
Sul 21
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Elisandro de Oliveira: "Nós captamos semanalmente amostras em 291 pontos da rede de distribuição na cidade e realizamos cerca de um milhão de análises anualmente". (Foto: Guilherme Santos/Sul21)
Elisandro de Oliveira: “Nós captamos semanalmente amostras em 291 pontos da rede de distribuição na cidade e realizamos cerca de um milhão de análises anualmente”. (Foto: Guilherme Santos/Sul21)

Marco Weissheimer

O diretor do Departamento Municipal de Água e Esgotos (Dmae), Elisandro de Oliveira, voltou a garantir nesta terça-feira (03), durante reunião na Câmara de Vereadores da Capital, que a água consumida pela população de Porto Alegre está dentro dos padrões de potabilidade exigidos pela legislação brasileira. O diretor reconheceu os problemas relacionados a mudanças de sabor e odor da água consumida pela população, especialmente nas regiões Centro e Norte da cidade, e assegurou que o Dmae está trabalhando para resolver essa questão o mais rápido possível.

Segundo Elisandro de Oliveira, o departamento percebeu alterações de gosto e odor na água no dia 17 de maio deste ano. No dia 31 do mesmo mês, ocorreu o pico de reclamações de usuários pelo telefone 156. A portaria federal 2914/2011, assinalou, estabelece 103 parâmetros a serem cumpridos para garantir a qualidade da água. Além destes, há outros 47 parâmetros estaduais. “Pode haver algumas alterações de sabor e odor sem afetar o padrão de potabilidade. Nós captamos semanalmente amostras em 291 pontos da rede de distribuição na cidade. O Dmae realiza cerca de um milhão de análises anualmente e produz um relatório anual que é enviado a todos os usuários. Nossa média está acima de 8, na avaliação dos usuários”, acrescentou, lembrando que o Dmae monitora a água do Guaíba desde a criação do departamento.

Marcelo Faccin: "Neste momento, parece que todo mundo entende de água, menos o Dmae". (Foto: Guilherme Santos/Sul21)
Marcelo Faccin: “Neste momento, parece que todo mundo entende de água, menos o Dmae”. (Foto: Guilherme Santos/Sul21)

Na mesma linha, o diretor de Tratamento do Dmae, Marcelo Gil Faccin, afirmou que o departamento avaliou todos os processos de tratamento e todos os produtos químicos utilizados nos mesmos e não constatou nenhuma mudança significativa. “Neste momento, parece que todo mundo entende de água, menos o Dmae. Estamos adicionando carvão ativado e uma dosagem em tempo contínuo de dióxido de cloro. A água permanece segura do ponto de vista de todos os critérios do Ministério da Saúde”. Na avaliação do diretor de Tratamento do órgão, a origem do problema com o sabor e o odor da água em algumas regiões da cidade não está no esgoto doméstico. “Nunca tivemos uma situação tão confortável nesta área, pois multiplicamos por cinco o volume de esgoto doméstico tratado no município. O problema não é com o esgoto doméstico. Estamos concluindo a contratação de um novo laboratório, em São Paulo, que é o único do país capaz de analisar mais de 500 parâmetros relacionados à qualidade da água”, informou Faccin.

A vereadora Sofia Cavedon (PT) observou que a busca de um novo local de captação da água, para substituir o ponto localizado hoje perto da Ponte do Guaíba, é um reconhecimento de que a água dessa área está muito poluída. Além disso, pediu uma atenção especial com o trabalho realizado pela empresa Cettraliq, que trata efluentes líquidos industriais em uma área próxima ao ponto de captação que abastece as estações de tratamento São João e Moinhos de Vento. A empresa, disse ainda a vereadora, já foi autuada e multada duas vezes, em 2010 e em 2013.

O trabalho da Cettaliq, que é fiscalizada pela Fundação Estadual de Proteção Ambiental (Fepam), também foi citado pela vereadora Fernanda Melchionna (PSOL), que mencionou relatos de moradores do bairro Navegantes, dando conta que o cheiro ruim da água é muito parecido com o cheiro que pode ser sentido nas imediações da empresa. Melchionna assinalou ainda que, segundo informações da própria prefeitura, a empresa não tem Habite-se e o alvará adequado para atuar na cidade.

Em nota publicada na página da empresa, a Cettraliq afirma que “adota as melhores tecnologias disponíveis, cumpre com os padrões fixados na legislação ambiental, é licenciada e fiscalizada pela Fepam, e vistoriada pelos demais órgãos ambientais, bem como, informa que os efluentes tratados, lançados na rede de esgotos de Porto Alegre não contém elementos capazes de causar o impacto sentido, neste período, nas águas do município”.

Direção do Dmae está contratando novo laboratório para fazer uma análise mais aprofundada da água consumida pela população da capital. (Foto: Guilherme Santos/Sul21)
Direção do Dmae está contratando novo laboratório para fazer uma análise mais aprofundada da água consumida pela população da capital. (Foto: Guilherme Santos/Sul21)

 “Grande influência de esgoto sanitário na foz do Gravataí”

A Secretaria Estadual do Meio Ambiente (Sema) e a Fepam divulgaram nesta quarta-feira os resultados da terceira semana de monitoramento da qualidade da água do Guaíba. Segundo o levantamento, no período analisado “alguns parâmetros se mantiveram e outros tiveram sua concentração reduzida nos pontos 2, 3, 4 e 5 com a contribuição do aporte de águas do rio Jacuí devido às chuvas do final de julho”. No entanto, ressalta, continua com o indicativo de grande influência de esgoto sanitário nos pontos monitorados, em especial no ponto localizado junto à foz do rio Gravataí.

A Sema e a Fepam anunciaram ainda que novos parâmetros serão introduzidos nas próximas semanas a fim de complementar o monitoramento. Os órgãos ambientais pretendem ter, após três meses de monitoramento, uma série histórica de comportamento das condições da água do Guaíba, o que, segundo eles, possibilitará uma avaliação mais adequada sobre a qualidade da mesma.


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