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27 de agosto de 2016
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12:10

Conheça Alemão, a maior celebridade do Centro Histórico

Por
Luís Gomes
luisgomes@sul21.com.br
26/08/2016 - PORTO ALEGRE, RS - Alemão, cachorro dos vizinhos do Centro Histórico. Foto: Maia Rubim/Sul21
Alemão, o cachorro mais famoso entre os vizinhos do Centro Histórico |Foto: Maia Rubim/Sul21

Luís Eduardo Gomes

O Centro de Porto Alegre já foi chamado de casa por grandes personalidades da cidade. Talvez o mais famoso deles, Mário Quintana, por anos fez de um quarto no Hotel Majestic, na Rua dos Andradas, sua residência. Posteriormente, o local viria a receber o seu nome. Atualmente, no entanto, nenhuma morador do bairro é mais popular e célebre do que o simpático Alemão, um cão que circula pelas ruas Demétrio Ribeiro e Fernando Machado e é um fenômeno de popularidade no Facebook, especialmente no grupo “Vizinhos do Centro Histórico”.

Alemão tem uma casinha na pet shop Showkan, onde recebe água e alimentação. Todo dia deixa o local por volta das 9h. Passa de comércio em comércio, recebendo um pouquinho de comida em cada canto. Do açougue, sempre ganha um osso. Mas é em direção ao carinho do “Chico” que ele sempre ruma.

“Na verdade, todo mundo é dono dele. Eu não conheço ninguém que não goste do Alemão aqui na volta. Todo mundo conhece. Às vezes, chegam a ligar para cá e perguntar se é a ‘pet do Alemão'”, diz Andressa Sica, filha da proprietária da pet Showkan.

26/08/2016 - PORTO ALEGRE, RS - Xico Chaveiro, dono do cachorro pastor chamado Alemão, dos vizinhos do Centro Histórico. Foto: Maia Rubim/Sul21
O chaveiro Chico sempre tem a postos um pote com água para saciar a sede de Alemão | Foto: Maia Rubim/Sul21

O chaveiro Sérgio Roberto Martins, mais conhecido como Chico, é o dono “extra-oficial” de Alemão. Ele diz que o cão passa boa parte do dia deitado no estacionamento que ele administra. Ali, recebe almoço e janta – além dos “lanchinhos” entre uma refeição e outra, ofertados por moradores e comerciantes da região – e tira seus cochilos.

Quando Chico precisa dar uma saída e ir atender um cliente, Alemão vai atrás. “Onde eu vou, ele vai atrás. Já subiu até no 13º andar de um edifício comigo. Só não levo ele no Centro”, diz, referindo-se às áreas mais movimentadas do bairro. No entanto, moradores dizem que já viram Alemão perambulando pela Riachuelo e outras áreas.

À noite, por volta das 19h30, ele retorna para a pet shop. “Ele vai dormir na pet porque tem ar-condicionado. No verão, ar frio. No inverno, ar quente. Bem como ele quer”, diz Chico.

Nesse vai e vem pelas ruas, praticamente todos os dias, moradores do bairro postam fotos – e até memes – dele no grupo de vizinhos do Centro. Um dia é no estúdio de pilates, outro no mini-mercado. Sônia Dal Soler, proprietária do Bar Beverly Hills, na Demétrio, diz que o cão está sempre passando por ali. Seu marido, Aristeu Dal Soler, complementa. “Hoje ele é uma celebridade aqui na rua”.

Alemão é personagem de vários memes | Foto: Reprodução/Facebook
Alemão é personagem de vários memes | Foto: Reprodução/Facebook

“Ele fica aí. Vai na padaria, vai no açougue, lá dão um osso para ele. É uma figura”, diz Aílton Perna, morador da rua Demétrio Ribeiro. “Não tem quem não dê comida para ele”, continua, acrescentando, porém, que as recomendações dos veterinários são para controlar a dieta. Em razão da quantidade de comida que ganha dos moradores e comerciantes da região, Alemão acabou ganhando uns quilinhos desde que foi “adotado”.

“Tá enorme de gordo”, brinca Simone Bueno, proprietária do Mini Mercado Flor de Lis, apesar de admitir que ela mesma “sempre dá um ossinho”. Segundo Simone, o que Alemão gosta mesmo é de “assistir televisão”. Quando o mercado prepara frango assado para vender aos seus clientes, ela diz que o cão chega de mansinho, se aconchega num tapete e fica observando a assadeira de frango girar.

25/08/2016 - PORTO ALEGRE, RS - Alemão, o cachorro dos vizinhos do centro. Foto: Maia Rubim/Sul21
Simone Bueno diz que Alemão gosta da “televisão para cachorro” | Foto: Maia Rubim/Sul21

“Não sei se tem no mundo alguém que ganhe tanto carinho”, brinca Cecília Calixtro, moradora da Fernando Machado. “É criança, é adulto, sempre tem alguém passando a mão na cabeça dele”.

A chegada de Alemão

As informações sobre a chegada de Alemão ao bairro são controversas. Uns dizem que ele era o animal de estimação de um papeleiro, que o maltrataria, mas os responsáveis pela pet shop Showkan, que o abrigaram pela primeira vez, há três anos, dizem desconhecer de onde ele veio.

“O Alemão apareceu na Fernando Machado. Ele estava com as patinhas em carne viva, acho que estava atrás do dono, porque ele caminhava muito. A minha mãe que recolheu ele porque ficou com pena”, conta Andressa Sica.

Isso aconteceu quando a loja ainda ficava na Fernando Machado (posteriormente mudou para a Demétrio). “A gente deu água, comida e começamos a tratar as patinhas dele. Só que foi bem na época que deu aqueles temporais terríveis no Centro, há três anos, e ela botou ele para dentro porque ficou com medo que ele se perdesse. Ele acabou ficando. Os vizinhos fizeram uma vaquinha e compraram uma casinha para ele. A gente castrou, vacinou e aí mesmo que ele foi ficando”, relata.

25/08/2016 - PORTO ALEGRE, RS - Alemão, o cachorro dos vizinhos do centro. Foto: Maia Rubim/Sul21
Andressa Sica trabalha na pet que acolhe o cão diariamente | Foto: Maia Rubim/Sul21

Pelos cálculos dela, Alemão deve ter cerca de quatro anos, uma vez que sua dentição na época apontava que ele tinha um ano. Ela ainda diz que, apesar do porte de pastor alemão, o cão provavelmente seja uma “mistura” de raças.

Em duas oportunidades, Alemão chegou a receber uma casa longe do Centro. A pet tentou doá-lo para um cliente que morava na Zona Sul, mas ele fugiu. Só voltou para o bairro porque ligaram para a pet, que havia colocado uma plaquinha de identificação com o seu número de telefone na coleira do cachorro. Os donos da Showkan também tentaram levá-lo para o sítio da família, no Lami, mas ele não se adaptou.

Andressa ainda conta que várias pessoas já passaram de carro e tentaram levar o cão para casa, mas que ele nunca aceita. Moradores da rua também tentam que Alemão os acompanhe, sem sucesso. Segundo Andressa, volta e meia o cão pega uma carona num elevador e entra em um apartamento, onde ganha comida e um espaço para tirar um cochilo, mas em seguida já pede para voltar para a rua.

Há cerca de dois meses, o animal ficou doente e precisou receber atendimentos especiais por três dias, tempo em que não deixou a pet. “Nunca vi ninguém receber tanta visita. Pessoas que eu nunca vi nada vida vinham visitá-lo”, relata Andressa. Ela diz que pessoas também ligavam para perguntar como estava o cão e, muitos dos que o visitavam, paravam em frente a sua casinha e ficavam “conversando com ele”.

Confira mais fotos:

25/08/2016 - PORTO ALEGRE, RS - Alemão, o cachorro dos vizinhos do centro. Foto: Maia Rubim/Sul21
Cão tem uma casinha, comprada com doações dos moradores do bairro, na pet Showkan | Foto: Maia Rubim/Sul21
26/08/2016 - PORTO ALEGRE, RS - Alemão, cachorro dos vizinhos do Centro Histórico. Foto: Maia Rubim/Sul21
Alemão pegando um solzinho no Centro de Porto Alegre | Foto: Maia Rubim/Sul21
26/08/2016 - PORTO ALEGRE, RS - Alemão, cachorro dos vizinhos do Centro Histórico. Foto: Maia Rubim/Sul21
Alemão também gosta de dormir na porta de casas e prédios da região | Foto: Maia Rubim/Sul21

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