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1 de março de 2016
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01:58

Em novo ato, Bloco de Luta pressiona Prefeitura para manter passagem a R$ 3,25

Por
Sul 21
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Foto: Guilherme Santos/Sul21
Ato percorreu as principais ruas da região principal da cidade | Foto: Guilherme Santos/Sul21

Débora Fogliatto

Mesmo com a decisão liminar da última quarta-feira (24), que determinou o retorno da tarifa de ônibus em Porto Alegre para R$ 3,25, o Bloco de Luta pelo Transporte Público realizou novo protesto nesta segunda-feira (29) para pressionar o poder público a manter este valor. Em caminhada com trajeto diferente das duas primeiras deste ano, os manifestantes partiram do Paço Municipal pela avenida Borges de Medeiros, caminhando por cerca de uma hora e meia na região central da cidade, passando pelas duas sedes da Empresa Pública de Transporte e Circulação (EPTC), na Avenida Ipiranga e na rua Erico Verissimo.

A partir da ação preparatória protocolada por líderes do PSOL, a juíza Karla Aveline Oliveira, da 5ª Vara da Fazenda Pública, determinou o retorno ao valor antigo, acatando o argumento de que ao reajuste não passou pelo crivo do Conselho Municipal de Transporte Urbano (Comtu) e foi acima da inflação. Agora, o partido tem 30 dias para entrar com ação para manter este valor, enquanto a Prefeitura tenta reverter a liminar, da qual já recorreu duas vezes, sem sucesso. “Esperamos ter o mesmo resultado na ação principal. Não é apenas a questão do Comtu, o aumento foi muito elevado, com a atual taxa de desemprego é inviável”, argumentou o deputado estadual Pedro Ruas, que esteve presente no ato.

Nesta quinta-feira (3), a Prefeitura irá se reunir com o Conselho para discutir os fatores que levaram ao aumento do valor. “De qualquer forma, o Comtu não teve o prazo certo para analisar as planilhas de custos. E em Goiânia, a Justiça determinou a revogação do aumento apenas por estar acima da inflação”, destacou a vereadora Fernanda Melchionna, lembrando que este também foi um dos argumentos da ação do PSOL.

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Objetivo é manter conquista que determinou a anulação do reajuste | Foto: Guilherme Santos/Sul21

O próprio Comtu tem em sua composição diversos órgãos relacionados ao poder público, além de entidades como a Brigada Militar, cuja presença é questionada pelos manifestantes. “É evidente que eles vão sancionar, mas isso não torna o aumento justo. Há uma tentativa de enganar a população com esse aumento, a partir do argumento da licitação, mas a população percebe que o valor não corresponde ao serviço existente”, avalia Júlio Câmara, do coletivo Juntos.

O ato ocorreu no primeiro dia de aula da rede estadual, que contou com paralisações e protestos de professores, alguns dos quais também aderiram ao protesto do Bloco, destacando a relação entre o aumento da passagem e a evasão escolar. “Na escola pública, a questão do transporte influencia muito fortemente, porque a falta de condições de ir para a escola é uma das causas de evasão escolar. As escolas deveriam ser perto de onde os estudantes moram, mas isso nem sempre acontece, e com o aumento da passagem, o aluno muitas vezes não tem como chegar”, argumentou Juliano Gomes, professor de Filosofia da Escola Estadual Apeles Porto Alegre.

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Este foi o terceiro ato do ano organizado pelo Bloco de Luta| Foto: Guilherme Santos/Sul21

Concentrados em frente à Prefeitura a partir das 17h30, os manifestantes saíram em marcha pelas Borges por volta das 19h, seguindo pelas avenidas Salgado Filho e João Pessoa, enquanto entoavam “o povo na rua, Fortunati a culpa é tua”. Menos concentrado no Centro Histórico do que nas duas semanas anteriores, o ato dobrou na Avenida Ipiranga, passando em frente à sede da EPTC, onde alguns ativistas jogaram tinta azul na fachada. Uma nova música, em ritmo do hit Baile de Favela, entoava “vai pular a roleta, na Lomba do Pinheiro, vai pular a roleta, na Cruzeiro”, citando diversas comunidades da cidade.

Novamente seguido de perto pela Brigada Militar, com parte da cavalaria, quatro viaturas e alguns policiais do Batalhão de Operações Especiais (BOE), o ato também teve acompanhamento da EPTC, que auxiliou a trancar os cruzamentos e ruas por onde a caminhada passava. Na Ipiranga, o protesto dobrou na Erico Verissimo, seguindo pela João Alfredo e terminando no Largo Zumbi dos Palmares, mesmo local em que os dois atos anteriores foram encerrados. Após a longa caminhada, os manifestantes chegaram no ponto de dispersão cantando “contra o aumento e a especulação, tô na rua pela estatização”. O ato acabou por volta das 20h30.

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29/02/2016 - PORTO ALEGRE, RS - Ato do Bloco de Lutas contra o aumento da passagem de ônibus. Foto: Guilherme Santos/Sul21
29/02/2016 – PORTO ALEGRE, RS – Ato do Bloco de Lutas contra o aumento da passagem de ônibus. Foto: Guilherme Santos/Sul21
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