Opinião
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15 de junho de 2014
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08:55

Vaias premeditadas e notícias artificiais (por Alexandre Costa)

Por
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Vaias premeditadas e notícias artificiais (por Alexandre Costa)
Vaias premeditadas e notícias artificiais (por Alexandre Costa)

As vaias dirigidas à presidenta Dilma, premeditadas e planejadas por um grupo de opositores, se diluíram nas arquibancadas do Itaquerão e não surtiram o efeito desejado pelos seus opositores junto à opinião pública. Os palavrões arremessados em direção a Dilma nasceram nos camarotes vip, se espalharam timidamente pelas arquibancadas e sucumbiram diante do próprio ódio e preconceito.

A abertura da Copa do Mundo e os xingamentos à presidenta produziram um cenário bizarro e artificial, mas extremamente revelador. Além de esquentar o processo eleitoral a partir de um fato superdimensionado pela mídia, o episódio demonstrou qual será o “tom” utilizado pela oposição nesta histórica campanha.

Ao estampar na capa dos principais jornais do país manchetes de que Dilma foi vaiada na abertura da Copa, infelizmente a imprensa assumiu um importante papel político, capaz de garantir aporte e sustentação à elite retrograda deste país. Se por um lado as notícias sobre as “vaias à Dilma” não foram suficientemente contundentes para manchar a imagem da presidenta, por outro serviram para mostrar à sociedade como são frágeis os pilares da nossa imprensa, sistematicamente violados quando deixam de fazer jornalismo para fazer propaganda. Ou quando fazem propaganda por meio das técnicas do jornalismo.

Mas esse velho malabarismo utilizado pelos barões da notícia para manipular os fatos, além de ineficiente coloca em cheque a credibilidade do império das comunicações, cujo dever é prestar informações a partir do interesse público. Mas, afinal o que é uma notícia, quais são os critérios para definir a importância e o espaço que assumem no conjunto de informações que diariamente entram nas nossas casas?

As respostas para questionamentos como esses são facilmente encontradas na história do país e nesta relação nefasta que mistura política, jornalismo e poder. Não é a toa que são chamados de “latifúndio midiático”, em alusão à concentração de concessões que há décadas estão nas mãos de pouco mais de meia dúzia de famílias. Os chamados barões da comunicação são responsáveis por definir o peso e a medida das notícias, hierarquizando-as de acordo com seus interesses.

Ao longo do tempo, os donos da mídia foram fundamentais nas decisões políticas e nos rumos da história do Brasil. O jornalismo fragmentado que é praticado cotidianamente pelos imperadores da notícia renova seus instrumentos e os torna cada vez mais requintados, tendo como objetivo manipular a informação, utilizando a liberdade e a democracia como falsos argumentos para valorar as notícias.

Se os barões da comunicação estabelecessem pesos e medidas semelhantes para os resultados de pouco mais de uma década dos governos de Lula e Dilma, certamente as manchetes seriam bem diferentes.

O descontentamento e as vaias à presidenta Dilma estão diretamente relacionadas às transformações ocorridas no Brasil na última década. As mudanças são visíveis e substanciais e estão em todos os lugares: no campo e na cidade, no acesso à educação, nas escolas ou nas universidades, na quantidade de casas que foram construídas nas periferias das cidades ou no aumento da renda e do salário mínimo.

O fato de que não havia quase negros nas arquibancadas do Itaquerão no jogo de abertura da Copa do Mundo não é uma coincidência. Muito antes pelo contrário, essa sempre foi a lógica desse Brasil excludente que por décadas suprimiu direitos e onde os negros e os pobres raramente chegavam à universidade.

Com Lula e Dilma, o Brasil vive um dos melhores momentos  da sua história. A renda cresceu 52% acima da inflação e o Bolsa Família foi responsável por 28% da redução da pobreza extrema em 2012. O programa Minha Casa – Minha Vida foi responsável pela entrega de 1,4 milhão de casas até novembro de 2013 e outras três milhões de casas serão concluídas até o final deste ano. O governo Lula criou 214 novas escolas federais, número maior do que o de todas as escolas já criadas na história do Brasil, e o governo Dilma prevê a criação de outras 208 até 2014.

As vaias à presidenta Dilma foram manchete nos principais jornais do país, como desejavam os seus opositores. No entanto, acabou revelando a decadência irracional, desumana e impiedosa dos brancos e endinheirados que foram ao Itaquerão. O som das arquibancadas mostrou a face pálida e envergonhada da elite brasileira diante de um país decidido a reconstruir a sua própria história.

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Alexandre Costa é jornalista.

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