Luís Eduardo Gomes
O prefeito de Porto Alegre, José Fortunati, lançou nesta terça-feira (28) o #POAdigital, plataforma desenvolvida em parceria com a IBM, cujo objetivo é se tornar um espaço digital que estimule a inovação e o empreendedorismo na área de Tecnologia da Informação (TI) da cidade. A expectativa da prefeitura e dos presentes, que lotaram o salão nobre da prefeitura, é que o projeto se torne um marco para o ambiente de tecnologia da cidade.
O POA Digital é uma plataforma (foi ao ar oficialmente nesta terça) que abriga uma série de informações para pessoas envolvidas na área, tais como notícias sobre TI, inovação e tecnologia; dicas para ajudar startups a se inserir no mercado e a se conectar com investidores, incubadoras, aceleradoras e fundos de investimento; mapa de espaços de trabalho (workspaces) da cidade, como escritórios compartilhados, e mapa dos empreendedores da cidade; informações sobre eventos; entre outras funcionalidades já existentes e que serão incluídas ao longo do tempo.
A plataforma ainda traz informações sobre os recursos disponibilizados para startups na cidade, incluindo a informação sobre mentores que os empreendedores podem procurar para lhes ajudar a desenvolver seus negócios.
“Nosso interesse é que os empreendedores possam se desenvolver a partir do nosso portal”, afirmou Fortunati, que disse ainda que o POA Digital poderá ser complementado pela população, que pode, por exemplo, cadastrar eventos. “É uma ferramenta para ser utilizada por todos, coordenada pela prefeitura, mas não de propriedade dela”, complementou.
O coordenador do POA Digital, Thiago Ribeiro, salienta que o objetivo da prefeitura é justamente abrir a plataforma para participação da comunidade de tecnologia e permitir que ela vá se aperfeiçoando ao longo do tempo. “A plataforma tem um modelo colaborativo de construção. O que entregamos aqui é a versão beta e talvez ela seja eternamente beta”, afirmou.
Parceria com a IBM
A IBM, uma das maiores empresas de tecnologia do mundo, auxiliou o desenvolvimento do projeto através da plataforma Bluemiz, que permite criar, desenvolver e gerenciar aplicações em nuvem, seja web ou móvel, de qualquer linguagem de programação.
Segundo a prefeitura, a parceria com a empresa também estimulará eventos que promovam a inovação e permitirá que empreendedores acessem de R$ 1 mil ou R$ 10 mil por mês, durante um ano, em infraestrutura e plataforma em nuvem, além de outros benefícios.
A vice-presidente mundial de Desenvolvimento de Ecossistema da IBM, Laura Voglino, salientou que, com o POA Digital, Porto Alegre se torna a quinta cidade do mundo – ao lado de Nova York, Amsterdã, Londres e Berlim – a firmar parceria do tipo com a IBM. Ela também salientou que o projeto é único na América Latina e em uma língua que não é o inglês.
Segundo ela, o projeto ajuda a fomentar a inovação e facilitar com que as empresas nascentes consigam lançar seus produtos/serviços no mercado. Laura também salientou a importância de existir um espaço que reúna informações sobre a área. “Inovação começa com inovação”, disse a americana, em um espanhol misturado com português.
Para o vice-presidente de Computação em Nuvem da IBM Brasil, Tomaz Oliveira, o POA Digital “é um marco para Porto Alegre, para a IBM e para o empreendedorismo no Brasil”.
Além da IBM, o projeto contou com o apoio de entidades como Sebrae, Endeavor, Associação Gaúcha de Startups (AGS), Porto Alegre Cite, Associação de Desenvolvedores de Jogos Digitais do Rio Grande do Sul (ADJDRS) e Programa Gaúcho de Qualidade e Produtividade (PGQP).
Desenvolvimento da cena de empreendedorismo
De acordo com Fortunati, o POA Digital vai ajudar a enquadra Porto Alegre dentro do conceito de cidade inteligente e facilita o surgimento de um polo de inovação local. “Nosso interesse é que os empreendedores possam se desenvolver a partir do nosso portal”, disse Fortunati.
Ele explicou que o conceito do projeto começou a ser desenvolvido a partir de um encontro com representantes da IBM durante a Expo Xangai de 2010. Além disso, essa reunião de informações tem o objetivo de sanar um déficit verificado por muitos empreendedores da cidade.
“A partir de 2010, quando nós começamos a concentrar nossa atenção sobre as startups, nós percebemos que muitos pequenos empreendedores, não encontrando solo fértil em Porto Alegre, acabavam indo para Rio de Janeiro, São Paulo e Belo Horizonte”, disse o prefeito. “A grande queixa é que Porto Alegre não criava um terreno fértil para que eles pudessem permanecer. Então, nós começamos a trabalhar exatamente dessa mudança de expectativa”.
Outro programa do governo nessa linha é a transformação do Quarto Distrito – região que abrange os bairros Floresta, Navegantes, São Geraldo, Humaitá e Farrapos – em um pólo de tecnologia que conte com toda a infraestrutura necessária para que as startups e empresas possam se desenvolver e não necessitem migrar para a outra cidade.
“Nós temos capacidade, temos inteligência e temos recursos humanos. Eu aposto muito que Porto Alegre, num curto espaço de tempo, possa se transformar num modelo de cidade inovadora, especialmente na inovação com startups”, disse o prefeito, acrescentando ainda que o objetivo é que o Quarto Distrito se torne uma referência tal como o 22@, famoso distrito da inovação de Barcelona. Segundo ele, a ideia é lançar este “Novo Quarto Distrito” até o fim de seu mandato.
Estímulo ao ecossistema da inovação
De acordo com Professor Luiz Carlos Pinto da Silva Filho, Diretora da Escola de Engenharia da UFGRS e presidente da incubadora Hestian, o POA Digital é benéfico justamente por dar visibilidade para as iniciativas que estão sendo desenvolvidas na cidade e por aglutinar muitas informações necessárias para que uma startup possa progredir.
“Acho que é fundamental por agregar todas as fontes de informação e dar visibilidade, porque tem muita coisa acontecendo e às vezes as pessoas acabam não tendo a ideia de todos os atores que são necessários para arrancar de uma ideia e chegar a ter uma companhia viável”, disse. “A gente tem muito talento (em Porto Alegre), mas se não soubermos como se pode atalhar algumas coisas, potencializar e alavancar ideias, acabamos perdendo essa energia”.
Além disso, ele salienta que a plataforma pode se tornar um espaço de conexão, um “radar e um farol”, para as pessoas envolvidas na área, como empreendedores, investidores, a academia, o poder público, etc. “O Poa digital permite entender que essa ecologia está se formando e ao mesmo tempo faz com que vários atores inclusive se estimulem. Muitas vezes, o pessoal ao não enxergar o que existia na cidade, ia procurar isso em outro local”, disse. “O POA Digital muda completamente essa figura e a gente consegue entender como as forças que estão aqui em Porto Alegre podem se articular de maneira harmonia para manter aqui os nossos empreendedores e gerar riqueza para a cidade”.