Jaqueline Silveira
Em fase inicial, as obras de revitalização da Orla do Guaíba, na capital gaúcha, correm o risco de paralisação caso não seja liberado o financiamento internacional necessário até o mês de abril. “Se os recursos não vierem até abril, não teremos fôlego para continuar com a obra”, disse o prefeito José Fortunati, que vistoriou, no começo da tarde desta segunda-feira (7), o trabalho no trecho de 1.320 metros entre a Usina do Gasômetro e a Rótula das Cuias. A revitalização está estimada em R$ 65 milhões, recursos que integram o financiamento de 92 milhões de dólares com o Banco de Desenvolvimento da América Latina – a CAF (Corporação Andina de Fomento). O empréstimo internacional, no entanto, precisa, ainda, ser aprovado pelo Senado e receber o aval do governo federal.
Em reunião na última sexta-feira (5) com prefeitos e governadores, conforme Fortunati, a presidenta Dilma Rousseff garantiu que, apesar da crise econômica, os financiamentos serão liberados. Por enquanto, a Prefeitura está usando recurso próprio para tocar a obra da Orla, porém, não terá como bancá-la por muito tempo devido também às dificuldades financeiras do município. Apesar de alguns percalços, afirmou o chefe do Executivo, o trabalho retomou seu ritmo normal e no momento está mantido o cronograma para a conclusão da obra em 18 meses. “A empresa está se empenhando muito”, completou ele, sobre o cumprimento do calendário estipulado. Fortunati, no entanto, admitiu a possibilidade de demora na liberação dos recursos, o que chamou de “gargalo” para a continuidade das obras.
Em relação à revitalização, a prioridade, conforme Fortunati, é concentrar o trabalho na área da Usina do Gasômetro com o fim de que o espaço possa, talvez, ser liberado para a população antes da conclusão de todo o trecho. Desde novembro, um dos cartões postais da Capital está cercado por tapumes impedindo a circulação das pessoas.
Por enquanto, foram realizadas a terraplenagem e as fundações no subsolo. “É uma fase da obra que está aparecendo pouco”, explicou Caetano Pinheiro, diretor-presidente da Procon, uma das empresas que integram o consórcio responsável pela revitalização, sobre o trabalho não ter muita visibilidade. Na sequência, devem ser feitas as fundações para a instalação dos deques sobre a água e, depois, a instalação da estrutura metálica. Ainda segundo Pinheiro, o escritório responsável pelo projeto de revitalização do arquiteto Jaime Lerner fará alguns ajustes.
A exemplo de Fortunati, o representante da Procon confirmou que a obra deve ser concluída dentro do prazo e que a liberação dos recursos é uma questão da Prefeitura. Ao consórcio, segundo Pinheiro, cabe tocar o trabalho. Hoje, de acordo com o diretor-presidente da Procon, 60 operários trabalham no trecho. Para revitalização, já foram derrubadas cerca de 30 árvores, de acordo com representante do consórcio, pela Secretaria do Meio Ambiente (Smam) e que mais vegetais devem ser removidos, porém não precisou a quantidade.
O projeto de revitalização prevê uma renovação do sistema de iluminação da área, novas quadras esportivas, restaurantes, quiosques, um bar “flutuante” sobre o Guaíba, ancoradouros para barcos, quatro deques e nova arborização. “É um projeto bonito, voltado para as pessoas”, afirmou o prefeito da Capital, sobre os benefícios da revitalização no trecho, apesar do longo tempo que a população não poderá usufruir do espaço.
Confira mais fotos da fase inicial das obras na Orla do Guaíba: