Débora Fogliatto
Um dia antes de completar um mês, a ocupação do Departamento Municipal de Habitação (Demhab) foi despejada na tarde desta quinta-feira (11). Militantes dos movimentos dos Trabalhadores Sem Teto (MTST), Nacional da População da Rua (MNPR) e de Luta nos Bairros, Vilas e Favelas (MLB) voltaram a criticar a falta de diálogo por parte da Prefeitura, que desde o início afirmou que não iria se reunir com os ocupantes. Eles afirmam que o mandado de reintegração de posse foi entregue apenas depois da entrada da Brigada Militar e que não foram avisados previamente conforme estava previsto em decisão judicial.
Leia mais:
‘Esses 28 dias escancaram uma ferida, mostraram que não tem política habitacional em Porto Alegre’
TJ determina desocupação do Demhab mediante reunião entre Prefeitura e movimentos
Em carta aberta, ocupantes do Demhab criticam falta de diálogo da Prefeitura
“Nós somos aquele povo que está longe de qualquer ação do governo e do município”
Segundo Richard Campos, do MNPR, a Tropa de Choque já entrou com armas em punho, assustando as crianças que estavam no local. “Entendemos isso como uma resposta da Prefeitura que além de não dialogar ainda trata a questão do déficit habitacional como caso de polícia e não de política pública, achamos isso lamentável”, critica. Ele afirmou que os militantes da população em situação de rua que estavam passando as noites no Demhab agora devem voltar a dormir nas ruas. “A gente segue mobilizados pra num futuro bem próximo continuar fazendo luta de moradia na cidade, se tem algum recado que essa ocupação deu é de que a nossa luta não acaba com apenas uma determinação judicial”, garantiu.
O MTST também destacou que a Prefeitura se negou a dialogar e assegurou que o movimento não termina com a reintegração. “Não estamos tristes, pois este momento significa apenas um nascimento. O futuro ao povo pertence! Enquanto houver uma pessoa sem teto em Porto Alegre, haverá a rebeldia consciente do MTST fazendo frente ao horror e à ganância”, afirmam.
A reintegração foi cumprida por cerca de 40 policiais, segundo a Prefeitura, com a presença de servidores do Corpo de Bombeiros, da Guarda Municipal e também uma viatura do Samu. A retirada dos manifestantes foi acompanhada pelo subcomandante do 1° Batalhão da Brigada Militar, major Sérgio Rocha, pela diretora do Departamento, Luciane Skrebsky de Freitas, pelo coordenador da Procuradoria Especializada Autárquica do Demhab, José Natal, e pelo secretário municipal de Segurança, Juarez Fraga.
Os movimentos agora aguardam uma sinalização da Prefeitura quanto às reuniões que eram condição para que houvesse acordo quanto à desocupação. O poder público apresentou um calendário de encontros, mas os ocupantes consideraram que a forma como ele foi feito não seguia a decisão judicial. No entanto, o cronograma foi aceito pela Justiça e o recurso apresentado para tentar barrar a reintegração foi recusado.
Richard afirma que as reuniões vão depender da Prefeitura e relata que a direção do Demhab tinha dito que o calendário seria reformulado. Ele destaca, ainda, que o Movimento não irá mais aceitar debater moradia com a Fundação de Assistência Social e Cidadania (FASC), órgão designado para dialogar com o MNPR sempre que eles procuram a Prefeitura. “Não vamos discutir a moradia com a FASC, nós iremos discutir essa questão apenas com quem pode definir. Porque a política de habitação não está dentro da FASC, nem de longe a assistência social dá conta disso”, afirmou.
Confira mais fotos: