Cidades|z_Areazero
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9 de setembro de 2017
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13:30

Coletivo cria crowdfunding para livro com 405 contos de terror sobre rotina em ônibus de Porto Alegre

Por
Luís Gomes
luisgomes@sul21.com.br
Coletivo cria crowdfunding para livro com 405 contos de terror sobre rotina em ônibus de Porto Alegre
Coletivo cria crowdfunding para livro com 405 contos de terror sobre rotina em ônibus de Porto Alegre
Um dos questionamentos feitos pelo Tribunal foi | Foto: Ramiro Furquim/Sul21

Luís Eduardo Gomes

Um conto de terror para cada centavo do custo de uma passagem de ônibus em Porto Alegre: essa é a proposta de uma campanha de financiamento coletivo lançada nesta segunda-feira (4) pela Rede Minha Porto Alegre em parceria com o coletivo Meu ônibus lotado e a empresa de comunicação Shoot the Shit. “Fiquei 40 minutos esperando o São Caetano”, “Me baixou a pressão no T3 e desmaiei, de tão lotado que estava” e “Subi no T11 no meio de um assalto”, essas são algumas das histórias citadas como exemplos de situações a que os passageiros se submetem todos os dias nos coletivos da Capital.

Segundo Carolina Soares, diretora da Minha Porto Alegre, o objetivo é arrecadar R$ 1 mil para confeccionar um livro com 40 exemplares a serem entregues para todos os vereadores, para o prefeito Nelson Marchezan Jr. (PSDB) e para o diretor-presidente da Empresa Pública de Transporte e Circulação (EPTC), Marcelo Soletti. “A gente entende que quem decide sobre ônibus na cidade não anda de ônibus e as histórias são uma pior que a outra. Atrasos, assédio, assaltos, isso está até naturalizado. A gente vê todos os dias relatos nas redes sociais de pessoas que se transformaram em estatísticas. Queremos mostrar que a passagem não vale R$ 4,05 se a viagem for um conto de terror tão absurdo”, diz.

Carolina explica que a campanha tem dois focos, um é contar parte dessas “histórias de terror” que ocorrem nos ônibus e dar voz às pessoas, para que justamente não sejam mera estatística. A Minha Porto Alegre está coletando as histórias dos usuários em seu site. O outro é pressionar os tomadores de decisão a realizarem melhorias no sistema de transporte público. “Não é possível que eles não conheçam essas histórias. Quando falamos em medidas que afetam 51 mil pessoas [caso da retirada da gratuidade da segunda passagem], eles veem um monte de números, não entendem que são 51 mil pessoas que tem problemas, contas para pagar, filhos para cuidar”, afirma.

Outra questão levantada pelo coletivo é que os constantes aumentos da passagem não podem ser a solução para o equilíbrio financeiro do sistema. “A gente que bater naquela tecla de que o transporte está caro e quanto mais caro fica, menos gente usa, mas mais caro fica. A gente quer conter esse ciclo vicioso”, afirma.

A campanha fica no ar até o dia 19 de outubro e os apoiadores podem participar com valores entre R$ 10 e R$ 40. As modalidades de apoio contam com nomes bem-humorados em referência a filmes de terror, como “Cota Hora do Pesadelo” e “Eu sei o que vocês fizeram no ônibus passado”, e oferecem brindes como adesivos e camisetas.

A Minha Porto Alegre é um coletivo de pessoas que busca influenciar em processos de tomadas de decisão sobre a cidade e faz parte da Rede Nossas Cidades, criada em 2011, no Rio de Janeiro – atualmente presente em nove cidades -, que busca estimular mobilizações e comunidades para agir utilizando tecnologias sociais e digitais.


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