Cidades|z_Areazero
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7 de novembro de 2017
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15:04

Servidores dizem que SAMU sofre processo de sucateamento em Porto Alegre

Por
Sul 21
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Segundo servidores, do total de 26 ambulâncias que o serviço possui na capital gaúcha, apenas 15 estariam em condição de uso. (Foto: Ricardo Giusti/PMPA)

Marco Weissheimer

O Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU) está funcionando de forma precária com falta de ambulâncias, devido a problemas de manutenção nos veículos, e falta de pessoal. Do total de 26 ambulâncias que o serviço possui na capital gaúcha, apenas 15 estariam em condição de uso. As demais estariam estacionadas e deterioradas, sem manutenção. O relato é de uma nota divulgada por um grupo de servidores do SAMU para alertar que essa situação deixa a população em situação vulnerável diante de um “cenário de aumento da violência urbana e das lesões e mortes relacionadas a traumas e acidentes de trânsito”.

Segundo João Carlos da Silva, que foi coordenador técnico de enfermagem do SAMU entre 2001 e 2004, o problema de falta de veículos e de pessoal é praticamente diário. E não é pela greve, ressalta, uma vez que os servidores decidiram manter o serviço. “Reconhecemos que fazer greve em um serviço desta natureza é complicado, ainda mais em uma situação de precariedade como a atual”, assinala.

Na noite do último sábado, relata, das três equipes de suporte avançado (UTI’s móveis), apenas uma estava funcionando. A base da Lomba do Pinheiro, acrescenta, ficou quase cinco dias sem abrir, recentemente, por falta de ambulância. Esta realidade, que compromete os atendimentos dos casos de risco de vida, vem se agravando nos últimos seis meses, afirmam os servidores. Segundo eles, a falta de médicos, enfermeiros, técnicos de enfermagem e condutores impede o funcionamento das equipes móveis de atendimento emergencial à população.

Essa situação, diz ainda João Carlos da Silva, vem sobrecarregando os servidores que estariam realizando a escala de plantões com base em horas extras. Segundo os funcionários, hoje, as horas-extras das equipes já representariam 30% da garantia do serviço do SAMU.

O servidor lamenta fato ocorrido na manhã desta segunda-feira, na sede do SAMU, quando um grupo de trabalhadores estava reunido para conversar sobre a liminar que determinou que 50% dos funcionários dos serviços de emergência podem entrar em greve desde que seja mantida a integralidade do atendimento. “A coordenação do SAMU, que estava um andar acima de onde estávamos, extrapolou e chamou sete agentes da Guarda Municipal para acabar com a reunião. Foi lamentável o que foi protagonizado hoje pelos atuais gestores do SAMU, querendo impedir que os servidores se reunissem para conversar sobre a greve e seus limites”, afirma João Carlos.

Como a reunião já estava chegando ao final, os servidores decidiram terminá-la na calçada, para evitar qualquer problema com os agentes da Guarda Municipal. Nesta terça, uma nova reunião foi convocada, desta vez com os servidores que estavam de plantão na segunda.

O que diz a Prefeitura

Segundo a Secretaria Municipal da Saúde, a Prefeitura encaminhou a compra de 11 novas ambulâncias no mês de setembro, o que possibilitará a renovação de 80% da frota. O pregão para a compra já ocorreu e os veículos devem estar circulando até janeiro de 2018. Essa é a primeira vez na história do SAMU que a prefeitura está comprando novas ambulâncias, destaca a Secretaria. No início de 2017, Porto Alegre recebeu uma ambulância do governo federal. “Com isso, as 15 ambulâncias utilizadas hoje serão reavaliadas e algumas direcionadas para a reserva, assim reduzindo o custo de manutenção”, diz a Saúde. Ainda segundo a pasta, o custo mensal para a manutenção de ambulâncias do SAMU é, em média, de R$ 190 mil.

Quanto à falta de pessoal, a Prefeitura diz que está em processo de contratação de profissionais para a saúde. Até o momento, 113 profissionais foram contratados na área. Quatro deles foram para o SAMU, sendo 2 cirurgiões gerais.

Sobre o episódio ocorrido na segunda-feira, na sede do SAMU, a Secretaria diz que o grupo de servidores não tinha autorização para usar o auditório. E acrescenta: “O espaço é reservado para assuntos de trabalho e não havia sido feita solicitação. Vale ressaltar que, na sexta-feira (dia 3) a coordenação do Samu já havia tentado conversa com o grupo para argumentar a impossibilidade do uso do espaço, mesmo assim não adiantou”.

(*) Matéria atualizada às 15:44 desta terça-feira (7)


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