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26 de dezembro de 2017
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20:51

Movimento estudantil questiona no MP lei municipal que condiciona manifestações em Porto Alegre

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Sul 21
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Movimento estudantil questiona no MP lei municipal que condiciona manifestações em Porto Alegre
Movimento estudantil questiona no MP lei municipal que condiciona manifestações em Porto Alegre
Entidades protocolaram pedido de análise e providências quanto à lei no MP | Foto: Divulgação

Da Redação

Entidades do movimento estudantil protocolaram nesta terça-feira (26), no Ministério Público, pedido de ação direta de inconstitucionalidade questionando a lei municipal que pode condicionar manifestações em Porto Alegre ao aval da Prefeitura. A lei 006/2017 foi aprovada na Câmara Municipal de Vereadores e depende agora de sanção do prefeito Nelson Marchezan Júnior (PSDB).

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O MP só poderá analisar o teor da lei a partir do momento que ela começar a valer. Ainda assim, as organizações resolveram tomar a frente pedindo análise da questão. Os movimentos questionam a constitucionalidade da proposta tomando por base artigos das constituições estadual e federal, que garantem direito à liberdade de expressão e manifestação.

“No último dia do estudante, tivemos uma grande manifestação dos estudantes de todas as entidades estudantis contra medidas do governo Marchezan, que visavam retirar o meio passe e o aumento das tarifas. São pautas que combatemos historicamente nas ruas. Essas mobilizações, que são nossos instrumentos de luta, seriam controladas, a Prefeitura teria que autorizar ou não. Isso fere direitos civis fundamentais”, explica o presidente da UEE Livre, Mateus Luan Klein Karling.

Proposta pelo próprio Executivo, a lei 006/2017 amplia os poderes da Guarda Municipal da Capital. Das 13 emendas propostas, duas foram aprovadas. Com ela, a GM poderá “intervir para garantir a defesa da dignidade da pessoa humana no uso do espaço público” e “garantir o acesso universal ao uso dos espaços públicos, discipline o dever do Poder Público e da população”. Na prática, isso significa que a Guarda poderá dispersar e agir contra protestos que ocupem e bloqueiem ruas e espaços públicos da cidade.

O texto aprovado prevê ainda multas entre 1 mil Unidades Financeiras Municipais (R$ 3.905,2) e 100 mil UFMs (R$ 390.052) por “embaraçar ou impedir, por qualquer meio, o livre trânsito de pedestres ou veículos nos logradouros públicos”.

O site da Câmara de Vereadores diz que o prefeito Marchezan Júnior justificou a proposta dizendo que seu objetivo seria “redimensionar as sanções por infrações ao convívio e posturas públicas, assim como prever novos tipos infracionais e procedimentos para sua aplicação”.

Entre as entidades que assinam o pedido estão a União Estadual de Estudantes Livre (UEE), Diretório Central de Estudantes da UFRGS e a União Metropolitana de Estudantes Secundaristas de Porto Alegre (Umespa), a União Brasileira dos Estudantes Secundaristas (Ubes), União Nacional dos Estudantes (Une), a União de Associações de Moradores de Porto Alegre (Uampa), o Sindicato dos Municipários de Porto Alegre (Simpa), a Marcha Mundial das Mulheres de Porto Alegre, a União Brasileira de Mulheres (Ubm), a União da Juventude Socialista (Ujs) e o Movimento Kizomba.

Como o MP se encontra em período de recesso, o pedido dos estudantes foi protocolado nesta terça, mas só deve ser analisado depois de 8 de janeiro.


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