Três deputadas transexuais negras são eleitas; duas delas integram mandatos coletivos

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Erica Malunguinho será primeira mulher transexual a exercer mandato de deputada em São Paulo | Foto: Divulgação/ Facebook

Da Redação

A maior Assembleia Legislativa do Brasil, a de São Paulo (Alesp), elegeu uma pessoa transexual para cumprir o cargo de deputada estadual pela primeira vez. Das 94 cadeiras que compõem a Casa, uma será ocupada por Erica Malunguinho, do PSOL, e outra pela Bancada Ativista, coletivo que reúne nove representantes, dos quais uma também é transexual. Nessas eleições, foram 53 candidatas transexuais que disputaram vagas no Legislativo de todo o país.

Nascida em Pernambuco, foi lá que Erica iniciou sua pesquisa em artes performáticas e construção de identidades travestis. Aos 20 anos, foi para São Paulo, onde continua a pesquisa e insere também o aspecto racial em seus estudos, sendo ela própria ma mulher negra. Trabalhou como professora e agente cultural, além de seguir sendo artista. Após se tornar mestra em Estética e História da Arte, Erica construiu um projeto artístico e político que culminou na construção do Quilombo Urbano Aparelha Luzia, um centro cultural e político fundado em 2016. Erica foi eleita com 54,4 mil votos para seu primeiro mandato.

Robeyonce Lima estará presente na Alepe como integrante do coletivo Juntas | Foto: Divulgação/ Facebook

Também em São Paulo, foi eleita a Bancada Ativista, que conta com mais uma mulher transexual negra em sua composição, Erika Hilton. A candidatura coletiva, também do PSOL, conta ainda com Chirley Pankará, mulher indígena. Erika é estudante de Gerontologia na Universidade Federal de São Carlos, no interior paulista. A Bancada Ativista se define como um “movimento dedicado a eleger ativistas para o poder legislativo em São Paulo, composto por pessoas com atuação em múltiplas causas sociais, econômicas políticas e ambientais”.

A candidatura coletiva foi encabeçada pela jornalista e ativista Mônica Seixas, cuja foto aparecia na urna. Segundo a Bancada, a ideia é que todas as co-candidatas sejam parte da equipe do gabinete na Assembleia. “Assim, compartilhariam as responsabilidades e tomariam decisões juntas em uma experiência totalmente coletiva e colaborativa, juntando suas ideias, vozes e forças para enfrentar os desafios da Assembleia Legislativa de São Paulo”, afirmam.

Em Pernambuco, uma iniciativa semelhante também proporcionou a eleição de outra mulher trans. A candidatura do Juntas é composta por cinco mulheres, dentre elas Robeyonce Lima. Elas obtiveram mais de 38 mil votos. Robeyonce é a primeira advogada trans de Pernambuco, formada pela Universidade Federal de Pernambuco, e técnica administrativa pela mesma universidade. Ela é militante nas causas LGBT, negra e feminista. É membra da Comissão de Diversidade Sexual e de Gênero, e da Comissão de Direito de Família, ambas da OAB-PE, e já integrou o mandato do vereador Ivan Moraes, que este ano concorreu a uma vaga na Câmara, na equipe jurídica.

Para a Associação Nacional de Travestis e Transexuais (ANTRA), as eleições das três candidatas significam que a Alesp e a Alepe “nunca mais serão as mesmas”. [É um] dia histórico para o movimento de travestis e transexuais do Brasil, pela primeira vez conseguimos eleger três deputadas estaduais”, comemora a entidade.

Erika Hilton (esquerda) é uma das cinco integrantes da bancada ativista | Foto: Divulgação/ Facebook

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