Da Redação
Eduardo Leite (PSDB), ex-prefeito de Pelotas (a 150 km de Porto Alegre), foi eleito neste domingo (28) governador do Rio Grande do Sul. O candidato superou o atual mandatário,, José Ivo Sartori (MDB), nas urnas e manteve a tradição gaúcha de não reeleger um governador. Com a vitória, o PSDB volta a comandar o Estado. Yeda Crusius foi a última governadora da legenda, deixando o cargo em 2011.
Leite foi eleito com 53,40% dos votos válidos, contra 46,60% de Sartori. O candidato do PSDB havia chegado ao segundo turno com uma vantagem pequena: 35% dos votos contra 31% do MDBista. Ele permaneceu como favorito em todas as pesquisas. Em um dos últimos levantamentos do Ibope antes da apuração do segundo turno, divulgado na quarta-feira (17), Leite aparecia com 52% das intenções de voto contra 41% de Sartori. No quesito rejeição, 36% dos entrevistados afirmaram que não votariam em Sartori de jeito nenhum. O índice de rejeição de Eduardo Leite era de 12%.
Já no sábado (27), houve um crescimento para 57% nas intenções de voto – mas também um aumento de 15% na rejeição do candidato. Sartori também apresentou um crescimento, chegando a 43%. Na boca de urna, os dois apareciam em empate técnico, com o tucano liderando numericamente por 33% a 32%.
Principais propostas
O foco da candidatura de Leite se concentrou no que chamou de “prioridades” em seu plano de governo. Iniciando pela segurança, o candidato aponta que deve-se incentivar a prevenção – focando em ações primárias, fortalecendo serviços públicos e a mediação em áreas de maior vulnerabilidade. Depois, descreve a necessidade de integrar ações policiais com base em estratégias para prevenir e reprimir o crime de forma qualificada. O candidato propõe a criação de metas e indicadores de desempenho para a segurança.
O tucano ressalta a necessidade de adotarmos sistemas inovadores de monitoramento, perícias e comunicação, assim como reprimir a criminalidade de forma que aumente a resolutividade dos crimes e o combate à corrupção “em todas as suas formas”.
Na área da educação, Leite fala da necessidade de “recuperar o tempo perdido e refazer um sistema educacional que funcione de fato demandará a participação de todas as fontes de receita possíveis”. O candidato elenca as principais ações que irá tomar, colocando como prioridade o aluno.
Leite afirma que é necessário “fortalecer e valorizar os profissionais da Educação”, comprometendo-se com remuneração justa, com plano de carreira que estimule o ingresso de profissionais, priorize a progressão e considere o princípio da valorização profissional pelo mérito, a formação continuada e condições de trabalho justas para o desempenho profissional. Nesse sentido, o candidato também defende que haja formação continuada de professores a partir de Parcerias Público-Privadas (PPP) e convênios com universidades e institutos.
Em termos de meio ambiente e saneamento básico, Leite propôs investimentos por meio de PPPs “em prol da universalização e da melhoria da eficiência dos serviços de abastecimento de água e esgoto”. Para ele, políticas de saneamento representam “alvos do desenvolvimento humano”. Entre suas medidas, está o planejamento de instrumentos para expandir o saneamento alinhado às novas tecnologias. Em seu governo, o Estado deverá atuar como articulador de políticas regionais de destino final de resíduos e outras matérias que impactam o meio ambiente.
Na saúde, o programa elenca cinco prioridades: fortalecimento e expansão das redes de Atenção em Saúde, com foco na atenção primária; regionalização e hierarquização da Média e Alta Complexidade; Assistência Farmacêutica, com qualificação e padronização da relação de medicamentos essenciais, racionalização e melhor organização da distribuição de remédios; fortalecimento da Vigilância em Saúde para prevenção de doenças; e prevenção de Judicialização, com a adoção de medidas para que as pessoas não precisem recorrer ao poder judiciário para terem suas necessidades de saúde atendidas.
Sobre habitação, Leite fala em enfrentar o déficit habitacional no Rio Grande do Sul por meio de “programas que propiciem acesso das famílias à moradia”. Ele também promete estimular programas de regularização fundiária nos municípios, com emissão de certificados de propriedade para a população de baixa renda nos aglomerados urbanos.
O candidato tucano pretende, ainda, viabilizar programa de microcrédito habitacional junto a parceiros do sistema financeiro, apoiando a captação de recursos que serão destinados a famílias de baixa renda na construção e reforma de casa em terreno próprio, melhorias e ampliações, com a parceria de agentes públicos e privados locais.
Biografia
Aos 33 anos, Leite é o governador mais jovem do Rio Grande do Sul após a redemocratização e acumula marcos precoces em sua trajetória. Filiado ao PSDB desde os 16 anos, foi o prefeito mais jovem eleito em Pelotas, sua cidade natal, governada por ele de 2013 a 2016. Ele é formado em direito pela Universidade Federal de Pelotas. Antes disso, foi presidente de grêmio estudantil e seu pai é fundador do PSDB no município.
Em 2004, Leite concorreu para vereador no seu município de origem, mas ficou com a suplência. Elegeu-se, de fato, para a Câmara Municipal no ano de 2008 e chegou à presidência do Legislativo. Também foi secretário municipal e chefe de gabinete do ex-prefeito Fetter Júnior (PP). No ano de 2010, tentou, sem sucesso, o cargo de deputado estadual. Já em 2012, foi eleito prefeito, aos 27 anos. Terminou sua gestão com 87,2% de aprovação, mas não concorreu novamente ao cargo, por ser “crítico” à reeleição. Ainda assim, ajudou a eleger no primeiro turno sua sucessora, a vice-prefeita Paula Mascarenhas (PSDB).