Élida Machado (*)
Nossas praças e parques, fruto de uma organização patrimonial democrática da cidade de Porto Alegre, estão sendo desastrosamente ameaçados. São espaços construídos de forma justa, portanto devem ser respeitados, garantindo o direito de ir e vir. Isto significa o livre acesso, despido das agruras e desmandos de uma gestão governista equivocada.
A arrogância e a soberba dos poderes públicos imperam atualmente na nossa sociedade, pela maneira como exercem suas funções e administram os recursos sociais e econômicos. O direcionamento não visa o desenvolvimento cultural, educacional, social e assistencial. Tão pouco contempla efetivamente os anseios das comunidades, especialmente nos bairros periféricos da cidade. E entregar nossa cidade é um total e profundo desrespeito!
O entusiasmo, a alegria e o espírito de alteridade nos invadem a alma pois somos pertencentes e cuidadores desta cidade. Dessa forma, partilhar e compartilhar nossas lutas, ideias, sobretudo nossas histórias, ainda que, sob forte sentimento belicoso assolando nossas vidas, é uma realidade, pois assim nos unificamos uns aos outros.
Nossa mobilização se desenvolve junto à árdua luta para que possamos garantir que o esporte, o lazer, a cultura e a recreação sejam reconhecidos como direitos sociais. Se entrelaçando a realizar as atividades esportivas em praças públicas, fortalecendo os vínculos de amizades, o convívio social e a melhoria global do ser. Objetivando colocar em prática políticas públicas gratuitas em todas as esferas, as quais assegurem e garantam de fato nossos direitos, especificamente a não realização da privatização destes espaços.
São tempos de grandes enfrentamentos, mas também de extrema vigilância para que tenhamos um novo olhar sobre àqueles que exercem o poder em nome do povo. E de novas possibilidades para alcançar uma sociedade melhor, mais humana e igualitária. Para tanto, o planejamento, a reformulação, e programação de políticas destinadas à população são de extrema importância.
Dentro dessa perspectiva, a participação democrática popular, através do Orçamento Participativo (OP), pretendemos agir efetivamente, nas decisões em que permitem participarmos da vida política decidindo e influenciando sobre o investimento público, junto à prefeitura municipal, por meio dos processos conjuntos coletivos das comunidades. E assim, redirecionar os recursos e investimentos de estrutura física, de finanças que fortaleçam o patrimônio público e salvaguardem o livre acesso às praças e parques.
(*) Liderança comunitária do Centro Comunitário Parque Madepinho (Cecopam)
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