Opinião
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6 de janeiro de 2023
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18:53

Gestão pública em saneamento: um debate necessário (por Carlos Alberto Kalinovski Hoffmann)

Estação de Tratamento de Água da Corsan, em Arroio do Sal. (Foto: Arquivo/Corsan)
Estação de Tratamento de Água da Corsan, em Arroio do Sal. (Foto: Arquivo/Corsan)

Carlos Alberto Kalinovski Hoffmann (*)

Muito se fala em políticas de saneamento básico e ambiental sob a perspectiva técnica, vinculada as Engenharias ou sob a perspectiva financeira, atrelada à Economia. Entretanto, pouco se dialoga sob o olhar mais central e impactante, que é o da Administração Pública centrada no Cidadão.

Pouco vale focar em plantas, projetos e obras se a organização responsável pelo saneamento não tiver gestão profissional voltada para o atendimento das necessidades dos clientes e analisando pelos seus prismas. Também, não resolve apenas ver a perspectiva financeira sem ter a visão humana buscando maximizar a efetividade do serviço baseado na empatia com os usuários dos serviços.

É irresponsável o debate de alternativas de capitalização das empresas de saneamento e a venda ou outorga de ativos públicos na área sem que o Estado tenha o real domínio do “negócio” saneamento, uma estrutura de fiscalização e controle efetiva e o devido espírito público que resguarde os interesses da população frente ao sistema financeiro e especulativo mundial. Como exemplos locais dessa política impensada estão os recentes casos da Corsan, no RS, e do Dmae de Porto Alegre.

Assim, a fim de começar a resolver o problema do saneamento no país de forma adequada, há que se posicionar a ciência da Administração no cerne das políticas públicas da área e coloca-las sob a égide do cidadão, prioritariamente através do Poder Público técnico e independente, tornando-o centro e referência para o desenvolvimento de todas as ações. A Administração Pública (e seus agentes, profissionais da Administração) centrada no cidadão tem totais condições de trazer soluções mais rápidas, econômicas e efetivas em qualquer ramo e, sobretudo, no saneamento.

Portanto, o gestor político e/ou público, antes de fazer qualquer inflexão em direção a parcerias com o capital externo, definir modelos de privatização, propor políticas públicas ou definir um corpo diretivo executivo, deve buscar no Profissional da Administração e na Administração Pública com foco nas pessoas a base para a solução dos desafios estratégicos e ações operacionais na área. O que é público e para o público deve ser por ele inspirado e para ele direcionado!

(*) Especialista lato sensu em Cidades Inteligentes e Sustentáveis, em Inovação em Gestão Pública e em Gestão Pública Municipal, dentre outras. Administrador concursado com atuação em Escolas de Governo, Saneamento, Saúde Pública Municipal e Cultura. Também Professor, Analista de Sistemas e Ativista Social. Membro da Câmara de Gestão Pública (CGP) e Conselheiro do CRA-RS. Contato: carlos@carloshoffmann.com.br.

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