Opinião
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1 de novembro de 2022
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19:30

O país não está dividido, é fake news! (por Jonas Reis)

Lula no primeiro discurso depois de eleito. Foto: Rovena Rosa/Agência Brasil
Lula no primeiro discurso depois de eleito. Foto: Rovena Rosa/Agência Brasil

Jonas Reis (*)

O Brasil não está dividido. A aparência de divisão decorre da votação apertada que deu a vitória a Lula: 60 milhões de votos para o candidato petista e 58 milhões para o candidato do PL. No entanto, trata-se apenas de uma aparência, pois grande parte dos votos no candidato derrotado faram dados devido às fake news e aos escândalos descarados de uso do dinheiro público para favorecer um candidato. Certamente há um setor bolsonarista radical, de cunho fascista, mas, este setor é absolutamente minoritário entre o eleitorado brasileiro.

Como nunca, o dinheiro público foi utilizado para promover a candidatura do atual presidente. A criação de auxílios, em ano eleitoral, para caminhoneiros, taxistas e pessoas de baixa renda, sem critérios: como estar exercendo efetivamente a atividade ou ter os filhos matriculados em escolas. Porém, no auge da pandemia, o governo não queria criar o auxílio emergencial (pois desejava que as pessoas fossem trabalhar, mesmo à custa da exposição ao coronavírus). O PT propôs um auxílio de R$ 1 mil reais, o governo Bolsonaro acabou propondo R$ 200,00 e o Congresso aprovou R$ 600, que logo em seguida foi reduzido. Mas, como mágica, o governo retomou o auxílio há poucos meses da eleição, sem exigir nenhuma contrapartida dos beneficiários (O Bolsa Família exigia matrícula e frequência escolar dos filhos menores e acompanhamento de saúde das crianças e adolescentes).

Despejar dinheiro não foi a única forma para conseguir votos. Vimos a maior campanha de mentiras (fake news): a mentira que o Lula fecharia as igrejas, a mamadeira de piroca, o banheiro unissex nas escolas, a acusação (sem provas) de que o Lula recebeu propina, a transformação do investimento para a exploração do pré-sal em prejuízo da Petrobrás. A afirmação de que o Brasil se transformaria em uma Venezuela (desconhecendo a realidade de um país que sofreu com manobras antes da guerra na Ucrânia) para baixar artificialmente o preço do petróleo e que enfrentou um boicote dos Estados Unidos.

Os eleitores foram enganados pela mentira que Lula não iria aumentar o salário mínimo, a transformação dos direitos das mulheres em ideologia de gênero, a tentativa de vincular o PT às facções criminosas, entre tantas outras. Mentiras que levaram a retirada de milhares de postagens das redes sociais e inúmeros direitos de resposta para a campanha Lula.

As pessoas que votaram no candidato derrotado por auxílios clientelistas ou influenciadas por mentiras não votaram com ódio. Quando as políticas públicas do governo Lula forem implantadas e as políticas de transferência de renda forem ampliadas, desconstruindo as mentiras plantadas na campanha e, o mais importante, o país retomar o ritmo do crescimento e do emprego, muitos eleitores do atual presidente estarão dispostos a apoiar, ou pelo menos ter atitudes positivas, em relação ao novo governo. Então, o presidente Lula terá todas as condições para desarmar os ânimos e reconstruir relações de civilidade e tolerância entre o povo brasileiro. Até lá a tarefa é árdua e devemos comover os ânimos para a defesa da democracia, do resultado das urnas, e a luta incondicional nas ruas em defesa da constituição e dos direitos do povo brasileiro a melhorar de vida.

Chega da elite nacional atravancar o projeto de nação que precisa ser construído pelo povo brasileiro e seu novo governo.

(*) Vereador do PT-POA, professor e doutor em educação

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As opiniões emitidas nos artigos publicados no espaço de opinião expressam a posição de seu autor e não necessariamente representam o pensamento editorial do Sul21


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