Eleições 2022
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15 de outubro de 2022
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13:04

Junto com o 2º turno, Cachoeirinha irá às urnas escolher novo prefeito

Por
Luís Gomes
luisgomes@sul21.com.br
Eleição ocorre após Justiça apontar fraude eleitoral na chapa que venceu a prefeitura de Cachoeirinha em 2020 | Foto: Divulgação/MP/RS
Eleição ocorre após Justiça apontar fraude eleitoral na chapa que venceu a prefeitura de Cachoeirinha em 2020 | Foto: Divulgação/MP/RS

Além de comparecem às urnas para o segundo turno das disputas pela presidência da República e pelo governo do Estado, eleitores de três cidades gaúchas também terão que escolher seus novos prefeitos no próximo dia 30 de outubro. A principal disputa ocorre em Cachoeirinha, cidade de cerca de 130 mil habitantes na Região Metropolitana de Porto Alegre. A eleição ocorre em razão do Tribunal Regional Eleitoral ter cassado o mandato de Miki Breier (PSB), prefeito reeleito em 2020, e de seu vice, Maurício Rogério Tonolher (MDB). Também vão às runas Cerro Grande e Rios do Sul.

Eleito prefeito em 2016 e reeleito quatro anos mais tarde, o ex-deputado estadual Miki Breier foi afastado do cargo em setembro de 2021 após ser alvo de uma operação do Ministério Público que investigava desvios de recursos públicos. Junto com ele, também foram afastados o secretário da Fazenda e outros seis integrantes do governo.

O MP investigava os crimes de corrupção ativa e passiva, responsabilidade, desvio de verba pública, dispensa indevida de licitação, fraude em licitação, lavagem de dinheiro e organização criminosa. No julgamento, o TRE considerou que a chapa dele cometeu os crimes de abuso de poder político e econômico durante a campanha de 2020.

O tribunal considerou que Breier restabeleceu vantagens pessoais que havia retirado em reforma administrativa de 2017 a menos de três meses das eleições de 2020, desrespeitando o prazo que impede a concessão de benefícios em período eleitoral. Além disso, a corte considerou ilegal a concessão de licença prêmio em dinheiro a nove servidores públicos em troca de apoio político.

Além da cassação, Breier foi multado em R$ 21.282 e perdeu os direitos políticos por oito anos. O TRE também determinou a realização de novas eleições majoritárias em Cachoeirinha.

Marcada para este o próximo dia 30, coincidindo com o segundo turno das disputas pela presidência e governo estadual, a eleição para prefeito de Cachoeirinha tem três candidatos, entre eles o prefeito interino Cristian Wasem (MDB). Também disputam o pleito David Almansa (PT) e Dr. Rubinho (União).

O Sul21 apresenta quem são, suas avaliações do cenário municipal e o que pretendem fazer caso sejam eleitos.

Cristian Wasem | Foto: Divulgação

O advogado Cristian Wasen (MDB) assumiu como prefeito interino em abril, quando ocorreu a cassação de Miki Breier. Casado com a filha do ex-prefeito Francisco Medeiros, era vereador em segundo mandato e presidia a Câmara Municipal, o que lhe garantiu o cargo de prefeito interino. Tem como candidato a vice o delegado João Paulo Martins (PP) e sua coligação também reúne PDT, Republicanos e Avante.

Wasen diz que uma das primeiras medidas que tomou após assumir a prefeitura foi rever os contratos da gestão cassada. “A atenção especial foi dada a saúde, melhorando a estrutura da UPA, Unidades de Saúde e ampliando o corpo clínico. Também foram realizados investimentos em educação. O cuidado com a zeladoria foi outra ação imediata, com limpeza urbana, mobilidade e manutenção asfáltica”, defende.

O prefeito interino destaca ainda que a sua gestão está realizando estudos técnicos para qualificar o sistema viário da cidade, com o objetivo de desafogar a Avenida General Flores da Cunha.

“Estamos trabalhando também na busca de parceria público privada para a revitalização do Hospital Padre Jeremias (administrado pelo Instituto de Cardiologia) e para a construção de um Hospital Municipal. Mais uma opção de atendimento em saúde para a nossa população. Seguimos ainda com projetos de implantação de uma Delegacia da Mulher e novas políticas públicas de Assistência Social”, diz, acrescentando ainda que, se eleito, pretende construir duas novas escolas municipais, uma na região dos bairros Canarinho/Chico Mendes e outra para atender o Jardim Betânia e bairros do entorno.

David Almansa e Ester Ramos | Foto: Divulgação

O sociólogo David Almansa (PT) foi o vereador mais votado de Cachoeirinha, com 1.803 votos, em 2020. Em seu mandato, atua na defesa de pautas como moradia, transporte público de qualidade, proteção ao meio ambiente com sustentabilidade, geração de emprego e renda, valorização dos servidores públicos, educação e saúde, cultura, esporte e lazer, direitos das mulheres, dos jovens, das negras e negros, e da comunidade LGBTQIA+. Tem como vice Ester Ramos (PSOL), em chapa que também reúne PCdoB, PV e Rede.

Ele presidiu a comissão processante que investigou as denúncias de corrupção do governo Miki Breier. “Mesmo estando no primeiro mandato de vereador, tive coragem de assumir a comissão processante que investigou a corrupção do governo Miki, enquanto os vereadores da base fizeram relatórios inocentando o governo cassado pelo TRE-RS. Eles construíram toda essa tragédia que tira direitos e abandona a população, entregando uma gestão ineficaz. Eu não tenho compromisso com a velha política e, reafirmo, que em dois anos a cidade vai melhorar”, diz Almansa, acrescentando que a atual gestão interina seria uma continuidade do governo Miki Breier.

Almansa se apresenta como candidato de Lula em Cachoeirinha e promete fazer uma gestão marcada pela participação popular. “A política não pode ser um instrumento que fica à disposição apenas dos poderosos e das famílias tradicionais. Se a gente é afetado, diariamente, pela política com o preço do arroz e do feijão, se a gente usa a educação e a saúde públicas, nós temos que dirigir esse processo e é por isso que eu sou candidato a prefeito, porque a gente precisa mudar. Os mesmos continuam ocupando os principais espaços da política e afastando o povo para cada vez mais longe. Eu sou candidato para resgatar a população e trazer ela para dentro do controle da prefeitura e, com ela e Lula presidente, construir uma cidade muito melhor para se viver”, diz Almansa.

Dr. Rubinho e Jack Ritter | Foto: Divulgação

O advogado Rubens Ohlweiler, mais conhecido como Dr. Rubinho, foi eleito duas vezes vereador da cidade e, em 2020, ficou em segundo lugar na disputa pela Prefeitura, perdendo justamente para Miki Breier por 318 votos. Tem como vice Jack Ritter (Cidadania) e o apoio de PSDB, Solidariedade, PSC, PTB, PL, Podemos, PSC, Patriota e PRTB.

Rubinho se apresenta como “responsável pela cassação” da chapa de Breier. Jack Ritter foi a autora do pedido de impeachment apresentado na Câmara de Cachoeirinha.

A campanha de Rubinho postula que a força da candidatura está no tamanho da coligação construída, a maior entre as três chapas. “A maior manifestação da democracia é, sem dúvida, a união pluripartidária formada por nossa coligação. Nós respeitamos a história e a trajetória de cada organização política, pois entendemos que todos têm ideias e propostas para construir a Cachoeirinha que queremos. A capacidade de unidade nos torna mais fortes para trabalhar a diversidade de opiniões que a nossa democracia exige”, diz a página de campanha do candidato.

Entre as propostas do candidato, estão a realização de uma nova licitação do transporte coletivo municipal, a aquisição de uma usina de asfalto para reduzir o custo do produto — aos moldes do que, segundo a campanha, fez o município de Gravataí –, e implantar uma fábrica de tijolos municipal com mão de obras de presos.


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