Opinião
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25 de setembro de 2022
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06:17

Indicadores de bom senso (por Althen Teixeira Filho)

Foto: Felipe Dalla Valle / Palácio Piratini
Foto: Felipe Dalla Valle / Palácio Piratini

Althen Teixeira Filho (*)

O Rio Grande do Sul vive momento angular na sua política eleitoral.

Num plano surgem ideários e comportamentos anticivilizatórios – a mentira, deslealdade, racismo, ambição, negociatas, “caixa dois”, negacionismos médico e científico que levaram milhares de gaúchos à morte. Para além, impuseram que regras protetivas de salvaguarda ambiental e de populações, fossem servilmente eliminadas só para, de um lado gerarem fortunas para os mesmos e, do outro, lançarem os de sempre ao abandono, sofrimento e insegurança. 

O Conselho de Segurança Alimentar e Nutricional do Rio Grande do Sul (Consea-RS) informou em julho, que a extrema pobreza se acentuou entre os gaúchos, tendo agora mais de 1 milhão de pessoas passando fome, com sete em cada 10 famílias enfrentando dificuldades de acesso, ou sem alimento. Se comparado com outros estados brasileiros, as políticas impostas pelo Executivo colocam o RS em posição vexatória. 

Entretanto, em visão antagônica desse mundo real, o documento “Indicadores do agronegócio do RS” emitido pelo governo gaúcho, mostra que as exportações no quarto trimestre de 2021 totalizaram US$ 3,8 bilhões. Todos os “indicadores” de proteínas vegetal e animal, por sinal enviadas para bem distante dos que aqui passam fome, estão calculadas em dólares de lucros mas não em tonelagem de alimento. Essa é a política desumana, opressiva e delituosa de “governo” e de “empresários” que privilegiam dólares e desconsideram a subnutrição do seu próprio povo!

Em síntese, os últimos governos do RS aplicaram e estimularam as mesmíssimas atitudes estúpidas que queimam a Amazônia, Cerrado e Pampa, que geram o abandono da agricultura familiar e desemprego no campo e cidade, que desrespeitam e agridem a maravilhosa cultura gaúcha, que afrontam populações.

O Executivo daqui reflete, e não esqueçamos que até apoiou, o rejeitado desgoverno federal, enquanto o “centrão” de lá traz exemplos para alguns deputados daqui!

Em outro plano, ainda com uma “lasca de esperança”, aguardar-se que os partidos e políticos avessos ao quadro acima, esqueçam suas diferenças e soberbas, unindo-se eleitoralmente contra esta exploração e chacina sofridas pelos gaúchos. Seria muito pleitear que a atenção, amor, respeito pela história, pelo solo e pela população pudessem suplantar arrogâncias e personalismos? Não seria hora de pensar um pouco mais nas famílias plenas em desalento, nas pessoas com sofrimentos físicos e moralmente abatidas frente a decadência vivida? Não seria a hora de salvar o RS de tantas patranhas?

O presente exige ações que construam um futuro com esperanças e sonhos de otimismo. Os candidatos não podem desconsiderar o número crescente de moradores de rua, do desespero de pais ao verem seus filhos subnutridos ou da aflição dos que padecem desempregados. 

Ao fim e ao cabo, fica a expectativa de que também os eleitores percebam para qual ângulo o seu voto deve pender.

(*) Professor Titular / Instituto de Biologia / Universidade Federal de Pelotas (UFPEL)

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As opiniões emitidas nos artigos publicados no espaço de opinião expressam a posição de seu autor e não necessariamente representam o pensamento editorial do Sul21


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