As famílias indígenas e a comunidade da aldeia do povo Mbya-Guarani, na Lomba do Pinheiro, Porto Alegre (RS), inauguraram, nesta quarta-feira (23), o novo prédio da Escola Estadual Indígena Anhetengua. A inauguração contou com a presença do governador Eduardo Leite, da Secretária Estadual de Educação, Raquel Figueiredo Alessandri Teixeira e de representantes de outras instituições, como o Conselho Indigenista Missionário (CIMI), Conselho de Missão entre os Povos Indígenas (COMIN), Conselho Estadual dos Povos Indígenas (CEPI) e da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), entre outras.
O ato de inauguração ocorreu no espaço coberto da Escola. A estudante indígena Lidia Garay leu um documento elaborado pelo Conselho Escolar, onde foi contextualizada a história da escola, que inicialmente, em 2004, foi instalada em uma casa cedida por uma das famílias Guarani. Posteriormente foi construído um prédio com duas salas, cozinha, secretaria e banheiros com a intenção de que fosse em caráter provisório.
O prédio agora inaugurado é resultado de um projeto vinculado a financiamento do BIRD viabilizado no governo Tarso Genro e que coube ao atual governo inaugurar. O documento destacou que o prédio ficou muito bom, porém ficaram faltando a entrega de vários mobiliários, como também os laboratórios de ciências, de informática e de artes que ainda não foram aparelhados e devidamente instalados.
O cacique e professor José Cirilo Pires Morinico falou em nome da aldeia e da comunidade escolar. Cirilo agradeceu a presença das autoridades e dos representantes das demais instituições, destacando que era um dia em que todos estavam muito felizes e que a escola tem um papel fundamental para a construção de uma educação diferenciada para os povos indígenas. Disse ainda que é preciso que o governo do estado e a SEDUC continuem investindo e apoiando os povos indígenas tanto na educação como nas outras áreas de suas vidas. Em seguida, Cirilo chamou as indígenas Ana (criança) e sua mãe Géssica para entregarem um colar para o governador e outro para a Secretária de Educação.
Jorge Morinico, indígena, professor e cineasta, entregou às autoridades uma cópia do filme documentário recém concluído, que retrata um tema muito importante para o povo Mbya-Guarani, “seu caminhar ancestral”. O documentário foi financiado com recursos do edital do Fundo Pró-Cultura do Rio Grande do Sul.
O governador Eduardo Leite agradeceu a oportunidade de estar ali para a entrega da obra e que na vida pública as coisas são assim, um governo inicia uma obra e coube historicamente a ele fazer a entrega. Ele afirmou que a SEDUC dará prioridade para providenciar as instalações dos mobiliários e dos equipamentos para que a Escola funcione em toda a sua plenitude. Manifestou ainda que há uma imensa dívida social do Brasil com os povos originários e que é preciso que a sociedade brasileira e os governos possam contribuir para que as condições de vida dos indígenas seja paulatinamente melhorada.
Após a fala do governador, o grupo de cantos e danças Mbya-Guarani, coordenado pelo professor indígena Daniel Ramos Morinico, com as presenças de jovens mulheres e homens e crianças apresentou duas músicas. Em seguida, Eduardo Leite foi convidado a caminhar um pouco no espaço da aldeia, a fim de visualizar as condições de grande fragilidade de várias moradias das famílias. As lideranças da comunidade defenderam a construção de políticas na área da habitação indígena, de apoio a produção de alimentos e de sustentabilidade das famílias indígenas.