O Comitê Científico de Apoio ao Enfrentamento a Pandemia Covid-19, órgão vinculado ao governo do Rio Grande do Sul, divulgou nesta quinta-feira (3), uma Nota Técnica em que “recomenda fortemente” o uso de máscaras para crianças de seis a 11 anos.
A Nota Técnica do comitê, que reúne especialistas ligados a diversas universidades gaúchas, foi elaborada após o decreto assinado pelo governador Eduardo Leite no último sábado (26) determinando a retirada da obrigatoriedade do uso de máscaras para crianças desta faixa etária do rol de protocolos de enfrentamento à covid-19. Pelo decreto, o uso de máscaras passa a ser apenas recomendado dos 6 aos 11 anos, mantendo-se obrigatório após os 12 anos.
O documento destaca que o posicionamento é baseado em uma série de fatores (ver a íntegra abaixo), entre os quais o fato de que o momento da epidemia no Estado ainda requer “todos os esforços para evitar contágios e diminuir óbitos. A NT salienta também que, apesar de a covid-19 atingir as crianças em menor número proporcionalmente, os indicadores de contágio de crianças têm aumentado nos últimos meses.
Destaca também que o retorno seguro às aulas depende do respeito a todos protocolos disponíveis de enfrentamento ao vírus, orientando que sejam reforçados os protocolos de distanciamento e boa ventilação dos espaços.
Como conclusão, a Nota Técnica “RECOMENDA FORTEMENTE a adesão ao uso adequado de máscaras de boa qualidade, bem ajustadas, de forma que ofereçam boa vedação, tanto para adultos quanto para crianças” acima dos 6 anos. Entre 2 e 6 anos, a recomendação é para uso de acordo com a tolerância da criança e sob supervisão de um adulto. Até 2 anos, o uso é desaconselhado.
“(…) Este Comitê entende que, ainda com muitos casos causados pela variante Omicron, e com o aumento da mobilidade da sociedade em geral, não é o momento de recuar nas medidas de proteção em escolas. Essas medidas devem ser mantidas para a segurança das crianças e adultos nas escolas e suas famílias. Desta forma, este Comitê sugere que as escolas mantenham a recomendação do uso de máscaras por toda a comunidade escolar e promovam atividades de ensino do uso adequado das máscaras, protocolo sanitário e outras medidas de prevenção, incluindo conscientização sobre a importância da vacinação”, diz o documento.
Em nota divulgada pela Secretaria Estadual de Saúde (SES), que possui representação no comitê, destaca que a NT foi elaborada levando em consideração o retorno das aulas presenciais nas escolas estaduais e o fato de que muitas crianças já possuem o hábito de usar máscaras.
“Apesar de não ser obrigatório, continuamos percebendo o uso de máscaras em crianças como extremamente necessário para diminuir os casos de covid-19, e, principalmente, que elas transmitam o vírus para pessoas da família com maior risco de ter agravos”, destaca Cynthia Molina Bastos, diretora do Centro Estadual de Vigilância em Saúde (Cevs), órgão vinculado à SES.
“De forma geral, a máscara traz mais benefício às crianças desta faixa de seis a 11 anos do que malefícios, mas cada caso deve ser observado em particular. O uso do item não impede a transmissão do coronavírus, mas é comprovado que diminui consideravelmente”, complementou a professora do Departamento de Estatística da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), representante da instituição no comitê, Suzy Alves Camey.