Envolvido em polêmica com o governador paulista João Doria nas prévias do PSDB que escolherá o candidato do partido à Presidência da República em 2022, o governador Eduardo Leite convocou entrevista coletiva no final da tarde desta quinta-feira (18). O motivo foi a entrevista publicada no jornal Folha de S.Paulo essa semana, em que Leite reconheceu ter telefonado em janeiro para o governador paulista, a pedido do então ministro Luiz Eduardo Ramos, para discutir o início da vacinação no Brasil.
Na entrevista, o repórter da Folha de S.P pergunta sobre episódio em que Ramos pediu para Leite ligar para Doria “para que ele não iniciasse a vacinação naquele domingo (17 de janeiro). Na resposta, o governador do Rio Grande do Sul diz: “Houve uma conversa nessa direção, não foi um pedido de intervenção, mas um pedido de reflexão. Talvez tivesse sido positivo ao país que se fizesse um esforço de coordenação e engajamento, já que era uma questão nacional. Mas é um episódio superado”.
Desde a divulgação da entrevista, Leite tem sido duramente criticado. A interpretação da sua resposta é que ele pediu ao colega de partido para adiar o início da campanha de vacinação contra a covid-19. Em janeiro, no mesmo dia em que a Anvisa aprovou o uso da vacina CoronaVac, o governo paulista deu a largada na imunização, começando na frente do governo federal.
Leite nega ter feito tal pedido. Segundo o governador, sua intenção foi conversar com Doria para que houvesse “concertação política”, uma coordenação conjunta com o governo federal, com o intuito de que as disputas entre Doria e o presidente Jair Bolsonaro não prejudicassem ainda mais o início da vacinação no Brasil.
“Não pedi e nunca pediria que se adiasse vacinação no Brasil”, afirmou, dizendo que a interpretação que está sendo dada à sua fala na entrevista é injusta.
Durante a coletiva, em mais de uma ocasião Leite criticou o que chama de “uso político” da vacina. “É injusto, imoral, oportunista, antiético e mesquinho”, declarou, enfatizando que seu objetivo era evitar que o tensionamento político pudesse refletir no retrocesso da vacinação no País.