Quintino Severo (*)
Durante o recente encontro de chefes de estado do Mercosul, os presidentes do Brasil e Uruguai retomaram a retórica neoliberal de “modernizar o Mercosul”, “flexibilizar regras”, “abandonar o princípio do consenso nas decisões”, e ainda “reduzir a Tarifa Externa Comum”.
Na prática, essas propostas rompem definitivamente com o princípio da União Aduaneira (manter tarifas iguais entre países membros, a fim de encarecer a importação de produtos de países extrabloco) e será o fim do Mercosul.
Essa aventura neoliberal de Bolsonaro (Brasil) e Lacalle Poul (Uruguai) irá custar empregos na indústria que já sofre com um agressivo processo de desindustrialização e ampliará fortemente as desigualdades em uma região marcada pela pobreza e, principalmente, representa a mais séria ameaça contra a paz na região.
Ao se jogar nos braços dos Estados Unidos e União Europeia, com medo da competitividade da China, os presidentes do Brasil e Uruguai apostam na destruição do Mercosul, ao invés de fortalecer e potencializar nosso bloco de países para interagir com a economia global em condições mais favoráveis ao nosso povo.
Devemos defender o Mercosul como União Aduaneira, mas que também seja um agente de promoção da Livre Circulação de Pessoas, da Integração Produtiva, Científica e Tecnológica, capaz de agregar outros países da região como Bolívia, Venezuela e Chile, e assim se convertendo em um projeto de promoção da PAZ e redução das desigualdades.
(*) Secretário adjunto de Relações Internacionais da CUT
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