A frustração, ao final do jogo, era visível. Afinal de contas, era uma partida que podia ter sido vencida, e o Grêmio voltou para casa com uma desagradável derrota diante do Junior de Barranquilla, 2 a 1 no sempre difícil solo colombiano. Foi uma partida bastante desequilibrada, na qual o Grêmio até bateu um pouco, mas também apanhou bastante — e na qual acabou vitimado por um gol deslocado no tempo, que deixou de sair na hora em que o Grêmio tomou um baile para ser marcado na hora em que o Grêmio era senhor da partida. Borges foi o autor do gol gremista, enquanto Hernández e Viáfara marcaram para o time colombiano.
Porque no primeiro tempo, convenhamos, o Grêmio padeceu em um verdadeiro inferno colombiano. Saiu ganhando, é verdade, gol preciso de Borges na primeira — e única — chance gremista na primeira etapa. Mas acabou sendo dominado por um Junior que pode não ser um timaço, mas também longe está de ser a equipe desprezível que se dava a entender que fosse. Hernández, sempre livre no meio-campo, tocou o terror sem constrangimento, sempre livre, armado e perigoso. A meia-cancha gremista era uma massa amorfa um tanto repugnante, incapaz de auxiliar a defesa, sem capacidade de armar jogadas. Trocar três ou quatro passes, para o time gremista, era uma verdadeira tarefa de Hércules. Gílson concedia generosas avenidas pelo lado esquerdo da defesa, enquanto Carlos Alberto implorava a cada lance por uma expulsão. Mais do que jogar mal, o Grêmio foi amplamente dominado, e foi para o vestiário dando graças aos céus por ter arrancado o empate no gol de Hernández — totalmente injustificado, dadas as circunstâncias.
Na segunda etapa, porém, a coisa mudou muito. A mudança feita antes do intervalo, trocando Carlos Alberto por Bruno Collaço, reforçou a marcação e deu consistência ao Grêmio. Mais calmo, o time gaúcho passou a sustentar a posse de bola, aproximando-se da área colombiana com crescente perigo. O time de Barranquilla recuou, sentiu o jogo, encolheu-se, quase sumiu. Da mesma forma que sofreu de ser goleado na primeira etapa, o Grêmio deixou de assegurar a vitória na primeira metade do segundo tempo — faltou, basicamente, o gol. No espaço de um minuto, entre os 28mins e 29mins, desenhou-se à perfeição o que foi a segunda metade do jogo. Rodolfo, chutando de muito antes do meio de campo, quase fez um gol que entraria para a história do futebol — e instantes depois, Viáfara aproveitou bobeira na defesa gremista e chutou, meio de qualquer jeito, para o gol da vitória do Junior. Sem alcançar nem um centésimo da beleza do chute de Rodolfo, mas milhares de vezes mais eficiente.
A derrota, em termos de tabela, não chega a ser trágica. Mesmo que a liderança fique distante, o Grêmio segura o segundo lugar no saldo de gols, e tem plenas condições de, vencendo o León de Huánuco (PER) no Olímpico, consolidar-se na briga por uma das duas vagas. Mas é um resultado que acende o sinal amarelo para o Grêmio. Mostra, por exemplo, que o doce sonho do 4-4-2 com dois centroavantes e dois meias ofensivos precisa ser revisto. O plantel demonstrou qualidades, mas a escalação até aqui utilizada carece de equilíbrio. E vale lembrar: fora de casa, o Grêmio ainda não venceu na Libertadores. A derrota foi frustante, sem dúvida — mas não foi um resultado injusto.
Junior Barranquilla 2 x 1 Grêmio
Gols
Junior Barranquilla: Hernández, aos 27min do 1º tempo, e Viáfara, aos 28min do 2º tempo
Grêmio: Borges, aos 4min do 1º tempo
Junior Barranquilla: Rodríguez; Gómez, Almeida, Macías e Fawcett; García, Viáfara e Hernández; Cortés (Cárdenas, depois Barahona), Páez (Valencia) e Bacca. Técnico: Oscar Héctor Quintabani
Grêmio: Victor; Gabriel, Paulão, Rodolfo e Gilson (Vinícius Pacheco); Fábio Rochemback, Adilson, Carlos Alberto (Bruno Collaço) e Douglas; Borges e André Lima (Júnior Viçosa). Técnico: Renato Gaúcho
Cartões amarelos
Junior Barranquilla: Cortés e García
Grêmio: Carlos Alberto, Adilson e André Lima
Árbitro: Marco Rodríguez (MEX)
Local: Estádio Metropolitano Roberto Meléndez, Barranquila (COL)