Notícias
|
4 de março de 2011
|
02:40

Grêmio volta a vencer na Libertadores, mas atuação modesta inspira cuidados

Por
Sul 21
sul21@sul21.com.br
Ramiro Furquim/Sul21

Igor Natusch

Quem eventualmente tenha tirado a noite de qunta-feira (3) para ir ao cinema, namorar, tomar uma cerveja com amigos ou qualquer outra coisa que não envolva futebol, pode pensar que o 2 a 0 do Grêmio sobre o León de Huánuco (PER), pela primeira fase da Libertadores 2011, foi resultado de uma partida sem sobressaltos para o tricolor. Até que foi tranquilo, de fato – mas, definitivamente, não foi uma vitória das mais convincentes. Com um trabalho de meio-campo que não conseguiu ser eficiente em momento algum, o Grêmio ficou à mercê da marcação intensa do time peruano, e só venceu graças a lances isolados de competência ofensiva. André Lima e Borges, de pênalti, marcaram para a equipe gaúcha. Mesmo com a liderança temporária do grupo (e que pode se consolidar se o Oriente Petrolero conseguir vencer o Júnior Barranquilla, na Bolívia), o Grêmio ainda não jogou realmente bem na sua principal competição do primeiro semestre. E o que era apenas uma leve preocupação já começa a ganhar, nas cercanias do Olímpico, dimensões de alerta amarelo.

Ramiro Furquim/Sul21

No primeiro tempo, a partida no Olímpico mais parecia um treino tático, daqueles tipo defesa contra ataque. Agrupados em duas linhas fundas de quatro jogadores, com a dupla de ataque atuando quase como volantes, o León de Huánuco fez uma retranca de deixar o Ta-Gua, de Getúlio Vargas (RS), sorridente de orgulho. E o Grêmio, com a meia-cancha totalmente desencaixada, não conseguiu impor-se nem pela técnica, nem pela insistência. Adílson errou algumas centenas de passes, enquanto todas as jogadas de efeito de Douglas produziam resultado próximo ao conjunto vazio das aulas de matemática. Carlos Alberto, voluntarioso, e Fábio Rochemback faziam um pouco mais, mas mesmo assim era pouco, muito pouco. Sem abastecimento, os atacantes morriam à míngua. E a defesa, mesmo pouco testada, fez água – ao ponto de obrigar Victor a fazer uma ou duas importantes intervenções. O gol de André Lima, aparando de forma típica o já quase folclórico levantamento de Douglas em cobrança de falta, era quase bom demais para ser verdade.

Ramiro Furquim/Sul21

Perdendo, o visitante peruano se viu forçado a adiantar um pouco a marcação no segundo tempo, para tentar obter um improvável empate. Mas foi bem pouquinho, mesmo: os atacantes, ao invés de serem volantes na prática, passaram a atuar mais ou menos como meias típicos, na intermediária de ataque. As duas linhas de trás ficaram lá mesmo, recuadinhas, sem maiores ousadias. E o Grêmio seguiu jogando sem nenhum brilhantismo – o que foi facilitado pelo segundo gol, com Borges cobrando pênalti após puxão sofrido dentro da área por André Lima. Adílson seguiu errando tudo, Douglas desperdiçava 80% dos passes, mas a tranquilidade com a vantagem no placar dissipou a tensão que se desenhava no primeiro tempo. Gílson e Gabriel, nas laterais, passaram a aparecer mais, a entrada de Bruno Collaço ativou o meio-campo e algumas triangulações chegaram a lembrar até o eficientíssimo Grêmio do final de 2010.

Ramiro Furquim/Sul21

Não foi nada perto de uma vitória brilhante, mas foi um resultado importante contra um time que, apesar da quase indigência técnica, até então era concorrente direto pelo segundo lugar. No próximo encontro entre os dois, dia 15 de março em solo peruano, espera-se que as coisas se invertam um pouco – o León se expondo mais, o Grêmio mais resguardado, à espera de um espaço para o bote. Mas que fique claro: o meio gremista, do modo como está distribuído, simplesmente não está funcionando. Ou Lúcio se recupera e volta de vez (o que pode forçar Carlos Alberto a esquentar banco na casamata gremista), ou se acha alguma solução que equilibre o setor. Contra um modesto time peruano, dá para contar com alguns lances pontuais para ganhar uma partida: mais tarde, quando o negócio encrespar de verdade, as coisas mudam de figura.

GRÊMIO (2) – Victor; Gabriel, Rafael Marques, Rodolfo (Mário Fernandes) e Gilson; Fábio Rochemback, Adilson, Carlos Alberto (Bruno Collaço) e Douglas; André Lima (Escudero) e Borges. Técnico: Renato Portaluppi
LEÓN DE HUÁNUCO (0) – Flores; Espinoza, Jorge Araújo, Cardoza e Suárez; Ferrari (Cevasco), Zegarra, Céspedes e Orejuela; Carlos Elias (Otálvaro) e González Vigil (Rodríguez). Técnico: Franco Navarro
Árbitro: Enrique Osses (CHI). Auxiliares: Patricio Basualto e Sergio Román (CHI)
Gols: André Lima, aos 41mins do primeiro tempo; Borges, aos 9mins do segundo tempo
Cartões amarelos: Fábio Rochemback, Gabriel e Gilson (GRE); Ferrari, Zegarra e Araújo (LEO).
Público: 28.605 Renda: R$ 612.469,00


Leia também
Compartilhe:  
Assine o sul21
Democracia, diversidade e direitos: invista na produção de reportagens especiais, fotos, vídeos e podcast.
Assine agora