Opinião
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6 de fevereiro de 2014
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07:42

Uma cidade que pulsa (por Guilherme Darros)

Por
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Uma cidade que pulsa (por Guilherme Darros)
Uma cidade que pulsa (por Guilherme Darros)

Eu queria ter escrito esse artigo quando retornei do primeiro protesto de 2014 em Porto Alegre e, talvez o primeiro do Brasil neste ano de Copa do Mundo e eleições. Porém, por falta de tempo não consegui finalizá-lo e como diz o velho ditado “há males que vem para o bem”. A greve dos rodoviários só veio para reforçar o título que eu pretendia dar a este texto: Porto Alegre é uma cidade que pulsa.

O ano de 2013 foi especial para o Brasil, mas principalmente para Porto Alegre que foi o berço, a capital responsável por colocar o país de vez na rota das revoltas hiperconectadas que eclodiram pelo mundo. Mas além do protagonismo nas manifestações, Porto Alegre viu, em 2013, seus movimentos sociais e sindicatos se unirem, viu uma juventude organizada disposta a lutar por suas reivindicações. Porto Alegre passou a ver as ruas como veias que bombeiam um coração. A cidade pulsou e a tendência é que continue pulsando em 2014. A questão, portanto é qual será a reação do poder público: Diálogo ou violência?

Em 2013, a Câmara Municipal era presidida pelo vereador Dr. Thiago Duarte (PDT), mesmo partido do prefeito José Fortunati (PDT), quando o Bloco de Luta Pelo Transporte Público ocupou o Legislativo por oito dias de forma pacífica e ordeira, como pude presenciar fazendo a cobertura jornalística. Porém, sem diálogo, houve um pedido para que a Brigada Militar usasse a força policial para desocupar o espaço. Com o pedido negado, Duarte acusou o movimento de golpe e criticou o Governo do Estado por não autorizar a intervenção da polícia. Quando a Justiça decidiu mediar um diálogo conciliatório, o Legislativo foi desocupado e dois projetos criados foram protocolados. Nenhum dos dois foi para votação.

Agora, em 2014, o tema transporte público que foi o estopim das manifestações, voltou à pauta com a greve dos rodoviários que já dura cinco dias e que só reforça a falta de diálogo e a dificuldade de alguns políticos. Fortunati já deu declarações em que cogita colocar brigadianos para dirigir os ônibus e até mesmo solicitar apoio da Força Nacional para forçar os grevistas a retornarem ao trabalho. Enquanto isso, o Passe Livre não existe e o transporte público funciona sem licitação.

Confesso, que após ataques até mesmo ao seu prédio durante algumas manifestações de 2013, esperava que o prefeito criasse mecanismos de diálogo com a população e principalmente, se tornasse um homem diálogo, de negociação por conta de seu passado sindical. Não é o que estamos vendo. Em um tempo em que sociólogos e cientistas políticos veem na democracia direta, a solução para crise de representatividade, os poderes públicos de Porto Alegre se afastam do povo e das ruas que fazem a cidade pulsar. As consequências devem vir em um 2014 longo para estas instituições.

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Guilherme Darros, estudante de jornalismo

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